...São óptimos momentos para José Sócrates poder reiterar a sua inocência perante um chorrilho malicioso de acusações e ao mesmo tempo ter a oportunidade de falar, olhos nos olhos, com os núcleos mais restritos e mais alargados de dirigentes, esclarecendo dúvidas e pondo termo a desconfianças que vazadas em certos "media", por repetidas, vão fazendo caminho e ganhando foros de “verdade mediática”.
Será uma boa oportunidade para reafirmar que em Portugal não está em causa, nem esteve, a liberdade de expressão, a liberdade informação ou a liberdade de imprensa.
Basta ler os jornais, ouvir as rádios ou assistir aos jornais informativos das televisões para facilmente concluir que a liberdade de expressão goza no nosso país de um estatuto por demais consagrado.
Só as palavras arrivistas e insensíveis à representação do país no estrangeiro é que podem explicar a “boutade “, de sabor eleitoralista, usada pelo candidato Rangel em Estrasburgo. Coisa tão estapafúrdia que, a ser levada a sério, significava que Portugal já não devia fazer parte da EU, pois se “não é um Estado de Direito”, como vociferou o novel candidato a líder do PSD, assim mandando às malvas o sentido de Estado que qualquer eurodeputado aprende quando toma o chá em pequeno.
Mas é nesta linha ofensiva de desinformação que todas as oposições vêm jogando, embora, reconheça-se, com acentuado destaque para certos sectores do PSD, movidos pelo “vale-tudo” da sua campanha interna. Ora fingindo ignorar a presunção de inocência de qualquer cidadão, designadamente do primeiro-ministro, ora acusando-o de ser mandante de acções referidas em escutas em que o visado nem sequer entra....
...A tudo isto, o PS só pode responder com serenidade e cabeça fria. Discutindo tudo internamente, mas falando a uma só voz na comunicação para o país. E não pode embarcar no canto de sereia dos que querem bizarras substituições do primeiro-ministro ou provocar moções de censura ou de confiança. A situação económica e financeira do País não se compagina com tais aventuras.
Reconheça-se também, tudo indica que um retorno às urnas não daria nada de muito diferente do que existe, penalizando apenas quem “primeiro puser a cabeça de fora”.
Finalmente, não se vê nada de consistente que impeça Sócrates de continuar a exercer o seu mandato eleitoral.
O PS, também na defesa do país e do bom funcionamento das instituições, deve mostrar a sua coesão interna e externa. No caso, é também estar ao lado do Secretário-Geral, esmagadoramente eleito em eleições internas, e do primeiro-ministro que venceu as legislativas de Setembro, ou seja, José Sócrates.
(extractos de artigo de opinião a publicar no Jornal de Leiria de 18 de Fevereiro de 2010)
Osvaldo Castro