(surripiada ao Expresso, via Câmara Corporativa)
E em dado momento Pedro Passos Coelho disse no Pontal:"Estou aqui no Algarve de férias com a família há duas semanas.Nestes quinze dias percebi que o PS não sabe o que quer para Portugal".
E depois, desenrolou o papiro das notas que o Mendes Bota oportunamente lhe oferecera e perorou sobre a coragem do PSD, sobre o Orçamento, sobre os "malefícios da justiça" e sobre os deveres do presidente da República.
Esqueceu, porventura de boa fé, o tão falado tema da revisão constitucional, alfa e ómega do discurso de fim de Congresso e aproveitou para falar libidinosamente sobre as vantagens de ser poder, a cerca de 3000 militantes do PSD, onde estavam gritantemente ausentes todos os "notáveis" excepção feita a Meneses, Ângelo Correia, Aguiar Branco e alguns dirigentes locais, que não se esqueceram de lhe pedir que se deixasse de teorias e que tivesse em conta a realidade económica do país.
Espantosamente, foi apenas após sair do palco que Passos Coelho disse aos jornalistas o que verdadeiramente tinha ido fazer ao Pontal.
Ou seja, que tinha na ideia abrir uma crise política em cima de uma crise económica e que para tal desiderato o próximo Orçamento poderia ser o momento apropriado...E mais, que nas próximas três semanas o PR devia agir em conformidade,na ideia dele, demitir o governo, mal sabendo que o PR o que pode, em circunstâncias muito especiais, é dissolver a Assembleia depois de ouvir o Conselho de Estado...
Ou Passos Coellho anda mal aconselhado ou estudou pouco nos 15 dias de Algarve...
Em três semanas, e a escassos 4 meses de eleições presidenciais, não há nenhum presidente que ouse dissolver uma Assembleia, sufragada tão directamente como ele próprio, e, mais a mais, tudo indicando que o incumbente Cavaco Silva se prepara para ser candidato presidencial.
Portanto, alijando a ideia de que o ex-dirigente da JSD e actual presidente do PSD seja desconhecedor do funcionamento das instituições do nosso estado democrático, só se pode pensar,no mínimo, como Jerónimo, logo copiado por Marcelo, que Passos Coelho "deu um tiro no pé"...
Verdade se diga que o novel lider ainda invocou uma outra luminosa ideia que, se não é puro disparate, é apenas um grosseiro equívoco...
Sim, a ideia de pedir a Sócrates se se pode demitir para ele, Passos, poder governar...
Bonda de asneira!Sabe-se, como aqui já se foi dizendo, que altos dirigentes do PSD tudo tentaram com o Freeport e com a Comissão de Inquérito para empurrar o primeiro-ministro pela borda fora, das formas mais iníquas e desleais... Mas não o lograram!
Agora, mendigar que Sócrates deite a toalha ao chão num momento de grave crise económica internacional e com evidentes reflexos nas contas nacionais, só pode ser um deslize de linguagem ou, prouvera, o reflexo do desnorte provocado pelas ânsias de poder, especialmente quando as sondagens começam a dar sinais de forte recuo, e na exacta medida em que Passos Coelho resolve elucubrar sobre algo que julga de mais profundo...e que afinal é rematado dislate.
A frase que acima se sublinhou a negrito é disso um bom paradigma...Passos Coelho falou no Pontal, na famosa rentrée, mas não disse nada...ou antes, espraiou-se por uma chusma de asneiras que além de demgógicas revelam o pendor irresponsável e impreparado do novo lider do PSD.
A continuar assim, dizem já muitos dos seus detractores no interior do PSD, Pedro vai ter de voltar às empresas do seu inspirador...É que Passos Coelho, afinal, não inspira confiança nem aos seus confrades!
Osvaldo Castro