domingo, 24 de abril de 2011

Ferro Rodrigues defende negociação pós-eleições para acordo político que dê maioria forte no Parlamento


Lisboa, 23 abr (Lusa)

O cabeça de lista do PS por Lisboa, Ferro Rodrigues, defendeu hoje a negociação pós-eleições de um “acordo político que dê uma maioria forte no Parlamento”, mas reconheceu que “é completamente impossível” qualquer acordo dos socialistas à esquerda.

“Defendo que haja um acordo, um acordo político que dê uma maioria forte no Parlamento, esse acordo tem de ser negociado a seguir às eleições”, afirmou Ferro Rodrigues, em entrevista esta noite no Telejornal da RTP1.

Lembrando que já em agosto de 2009, antes das últimas eleições legislativas, defendeu que perante a crise internacional “não devia ser constituído um Governo que não tivesse maioria no Parlamento”, Ferro Rodrigues sublinhou que mantém a mesma posição.

Contudo, acrescentou, ao contrário do que defendeu na altura, dizendo que se deveria tentar “um Governo à esquerda”, agora isso será “completamente impossível”, porque ao longo do último ano e meio os partidos de “extrema-esquerda”, mais não fizeram do que “colaborar com a direita em relação à queda do Governo”.

Na entrevista, o antigo secretário-geral socialista, que exerceu nos últimos cinco anos e meio o cargo de embaixador junto da OCDE, adiantou que o seu regresso à política ativa acontece porque lhe foi feito um desafio ao qual “não podia dizer que não” e porque não podia ficar mais tempo em Paris “com o bichinho da política a morder sem poder intervir”.

Questionado se mantém as críticas que ao longo dos últimos anos fez ao Governo liderado por José Sócrates, Ferro Rodrigues insistiu na ideia que o importante neste momento “é olhar para o futuro que aí vem” e escolher um primeiro-ministro com capacidade, provas dadas e alguma firmeza e dureza e capaz de resistir às críticas.

Isto, admitiu, não quer dizer que “retire as críticas” que foi fazendo, nem que “não tenha havido algum excesso de zelo no controlo da despesa nas áreas sociais”.

Mas, continuou, a partir de agora o importante é assegurar que os novos sacrifícios sejam “bem repartidos”, ainda que o modelo social tal como existe possa sofrer “algum abanão”.

Escusando-se igualmente a responder se o Governo não tem alguma quota de responsabilidades na atual situação do país, alegando que “é difícil fazer esse exercício”, Ferro Rodrigues deixou críticas à ausência de uma “resposta capaz” por parte da Europa à crise da dívida soberana, que começou a atingir países como Portugal e a Grécia.

O antigo ministro alertou ainda para o problema da dívida privada portuguesa, considerando que “o problema da dívida pública é grave, mas mais grave é a dívida privada”.

Ainda relativamente às ‘culpas’ do Governo na atual situação do país, Ferro Rodrigues acabou por admitir que “o Governo tenha tido a sua quota de responsabilidades”, mas lembrou também o papel da oposição ao longo dos últimos anos, que apresentava sempre propostas que aumentavam a despesa e diminuíam a receita.

Recusando comentar a não inclusão do ministro das Finanças, Teixeira dos Santos, nas listas do PS, Ferro Rodrigues prometeu, por outro lado, não fazer qualquer “ataque pessoal” ao cabeça de lista do PSD por Lisboa, Fernando Nobre, apesar de reconhecer que “foi qualquer coisa de estranho” a sua entrada nas listas sociais-democratas.

Quanto à possibilidade de alguma vez voltar à liderança do PS, Ferro Rodrigues respondeu apenas: “a mesma água não corre debaixo da ponte duas vezes”.

VAM/Lusa

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