O ministro dos Assuntos Parlamentares acusou hoje o presidente do PSD de “hipocrisia política” ao disponibilizar-se para um consenso sobre uma intervenção externa, depois de rejeitar as medidas do Governo e de provocar uma crise política.
Jorge Lacão falava aos jornalistas, na Assembleia da República, depois de Pedro Passos Coelho ter afirmado que o PSD respeitará os compromissos que o Governo tiver de assumir no exterior para um eventual pedido de ajuda financeira.
"Se o Governo achar que, por qualquer razão, é preciso contrair um empréstimo especial para evitar incumprimento de Portugal no exterior, o Governo tem todas as condições para o poder fazer, e não é o PSD que vai pôr isso em causa. O PSD apoiará isso", declarou Pedro Passos Coelho.
Perante estas palavras, o ministro dos Assuntos Parlamentares caracterizou esta atitude do líder social-democrata como sendo de “forte hipocrisia política”. “É extraordinário verificar que aqueles que inviabilizaram que Portugal pudesse ter uma solução consolidada que dispensasse qualquer recurso a uma ajuda externa - depois de terem na prática deitado o Governo abaixo e criado uma crise política - venham agora solicitar ao Governo para que tome diligências no sentido de solicitar essa mesma ajuda externa”, afirmou Jorge Lacão.
Ainda na mesma linha de crítica à atuação do PSD, o membro do Governo observou que “aqueles que recusaram as soluções e as medidas que criavam uma situação de estabilização de Portugal no quadro da União Europeia e da zona euro [o Programa de Estabilidade e Crescimento] são aqueles que agora se mostram disponíveis para supostamente apoiar o Governo num pedido de ajuda”.
“O líder do PSD manifestou-se já disponível para poder governar o país numa situação de intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI), mas nunca teve a coragem de assumir publicamente a consequência dessa sua posição. Agora quer que seja o Governo a tomar uma iniciativa de ajuda externa precisamente para provocar a vinda do FMI”, apontou ainda o ministro dos Assuntos Parlamentares.
Na perspetiva de Jorge Lacão, as causas e os objetivos que levaram a abertura de uma crise política são cada vez mais claros. “Pretenderam precipitar os acontecimentos para se forçar a ajuda externa e, tendo a cobertura do FMI, realizarem então um programa político que não têm a coragem de assumir plenamente perante os portugueses. Todavia, o Governo fará tudo o que estiver ao seu alcance para defender o interesse do país, para criar condições que dispensem essa necessidade de ajuda externa”, contrapôs.
Tal como afirmaram quinta-feira os ministros da Presidência e das Finanças, também o titular da pasta dos Assuntos Parlamentares avançou com o argumento referente à insuficiência de poderes por parte de um Governo de gestão para negociar uma ajuda externa. “É sabido que essa iniciativa estaria necessariamente ligada à apresentação de medidas concretas que o Parlamento rejeitou. Se o Parlamento as rejeitou [no âmbito do PEC], não se pode agora pedir ao Governo que vá apresentar uma solução de ajuda que, implicando medidas, afinal de contas, aqueles que as poderiam ter viabilizado impediram que elas se concretizassem”, sustentou.
PMF/Lusa
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