O ano que vai terminar foi dos mais duros e difíceis para a economia portuguesa e para a generalidade dos cidadãos do país. Portugal, é sabido, e cada vez mais aceite, mesmo pelos detractores da actual governação, está a viver a pior crise dos últimos 80 anos. Sendo certo que o abalo económico que se reflecte em Portugal e por toda a Europa foi induzido, desde 2008, pela crise imobiliária americana, o famoso “subprime”, e pelo ataque especulativo contra o euro por parte de agentes financeiros internacionais, muitos dos quais europeus.
A necessidade de evitar que os mais perniciosos efeitos da crise se incrustassem demasiado profundamente no tecido económico e social português, obrigou a uma política de respostas controladamente expansionistas, de que a modernização do parque escolar foi exemplo, que visou, antes de mais, evitar a recessão.
Não obstante, a verdade é que a fúria descabelada das agências de notação e a pressão externa de sectores e países europeus não permitiram que a avidez dos mercados acalmasse, apesar da aprovação no Parlamento de um Orçamento de austeridade para 2011.
Vale por dizer, logrou-se até agora estancar a subida dos juros, mas não se conseguiu impedir a sanha persecutória das agências de “rating”, nomeadamente da Fitch, que, além de baixar a notação de Portugal, baixou igualmente o “rating” da CGD, bem sabendo que Portugal e os bancos portugueses não têm os problemas estruturais da Irlanda ou da Grécia e que o nosso país vai fazer descer o défice orçamental de 2010 em maior medida que mais de metade dos países do Euro. O mesmo é dizer, a Fitch fingindo ignorar a aprovação do OE, opta pela mera percepção de que Portugal não cumprirá o que se propõe…
Da confluência de um Orçamento restritivo na despesa pública e no investimento, com cortes nos salários de largas centenas de milhares de portugueses, acrescido da política de exigente austeridade, traduzida em aumentos de impostos e taxas de serviços, óbvio se torna que os portugueses vão ter de enfrentar um ano de 2011 ainda mais duro e exigente que o que vivemos.
É para um clima de restrição e poupança conjugado com a necessidade de mais e melhor eficiência produtiva, que os portugueses têm de estar preparados, bem cientes que uma eventual derrapagem na execução orçamental, que dê azo à entrada do FMI em Portugal, agravará, ainda mais, a situação económica e social dos portugueses, como bem recordarão todos aqueles que viveram as duas passagens do FMI por Portugal, nos anos 80 do século passado.
Enganam-se os que, por demagogia e perversão política, ousam encarar como boa a solução da entrega das opções nacionais ao Fundo Monetário Internacional, já que, ao admiti-lo, mais não estão que a agir contra os interesses nacionais, conhecedores, como são, dos nefastos efeitos que tal provocaria nos cidadãos e nas empresas.
Portugal tem de apostar de forma realista nas suas capacidades para ultrapassar a crise, com confiança no labor produtivo dos seus trabalhadores e na criatividade dos seus empresários, aliados ao sentido de sacrifício, assumido e consciente, de todos os portugueses. Só tal estado de espírito e de acção permitirá consubstanciar, no médio prazo, o necessário crescimento económico que permita aos portugueses patentear aos descrentes e pessimistas que os austeros sacrifícios valeram a pena, em nome de um país que luta por uma economia e finanças mais saudáveis e sólidas.
Osvaldo Castro
2 comentários:
Caro Osvaldo,
Vou fazer deste excelente texto e deixo aqui os meus melhores votos de um Feliz Ano Novo, feito de saúde, energia renovada, boa-disposição e muitos, muitos sucessos.
Um abraço.
Ana Paula Fitas,
Já percebi que vai fazer link deste post, o que lhe agradeço reconhecido.
Agradeço igualmente o Blog de Ouro que me atribuíu no seu blogue, ao lado de um importante conjunto de bloggers e que,julgo, decorre da S/ bondade.
Melhor Ano 2011.
Abraço,
OC
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