Trinta anos depois da morte de Sá Carneiro, Amaro da Costa e demais participantes na viagem fatídica, há ainda quem se sirva daqueles dois dirigentes políticos, de então, para tentar colher dividendos.Sublinho, ainda hoje.
Já assim sucedera no dia do funeral, que ocorreu no dia de reflexão das eleições presidenciais e que viriam a ser ganhas por Ramalho Eanes.
Então, como agora, o despudor misturava-se com o desespero da iminente derrota, amalgamada com a dor legítima da morte de figuras distintas.
Agora, tal como o sublinhou,hoje, na Lourinhã, Manuel Alegre "a celebração da morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa visa a reconstituição da AD".
Agora, tal como o sublinhou,hoje, na Lourinhã, Manuel Alegre "a celebração da morte de Sá Carneiro e Amaro da Costa visa a reconstituição da AD".
São verdades como punhos, que pôem a nu a desfaçatez dos epígonos de Passos Coelho e Paulo Portas, especialmente quando reclamam que "é urgente substituir este governo..."e que "É obrigação moral, ética e política o PSD e o CDS entenderem-se num governo de salvação nacional",citando António Capucho.Ou, nas palavras de um dos fundadores do CDS,José Luís Vilaça, que radicalizando as emoções, apelou desbragadamente a uma nova AD porque "Portugal precisa de uma nova ruptura, uma ruptura à Sá Carneiro, à Amaro da Costa".
Tudo isto dito em tom compungido, em tempo de campanha eleitoral para as presidenciais, visando réditos para o inefável candidato Cavaco Silva, ao mesmo tempo que sublinham de forma descarada o condicionamento de políticas futuras desse mesmo candidato, que presumem estar ungido para a reeleição.
Se a isto se somar a intenção de constituir uma nova Comissão de Inquérito para apurar o que não se logrou em 30 anos e 8 Comissões semelhantes, bem se vislumbra quais os trunfos que vão circulando por baixo da mesa em matéria de campanha para as presidenciais, nas bandas da pura direita.
Capucho e Vilaça não podem esquecer que, no passado mês de Maio, Coelho e Portas inviabilizaram a moção de censura apresentada pelo PCP.
E na altura ninguém os ouviu tonitruar nos modos e termos de agora. Só que, entretanto, a diferença é que há um Orçamento aprovado na AR que foi negociado e viabilizado pelo PSD!
E tal OE é peça fundamental para a recuperação da credibilidade financeira das finanças nacionais, como,aliás, já está a ser.
Passos Coelho e Portas têm toda a legitimidade para anunciar e constituir a AD da sua insegurança e fruto dos seus consabidos temores eleitorais.
Não podem é permitir aos seus sequazes que se sirvam de forma enviezada de eventos celebratórios para pressionar eventuais medidas que conflituam com a Constituição vigente.
O mesmo é dizer, Capucho e Vilaça, de forma passadista e retrógada, reclamam a demissão do governo, bem sabendo que a CRP contém exigências para que se alcance tal desiderato.
Nesse domínio os dirigentes das centrais sindicais,mesmo em greve geral, foram bem mais cuidadosos nos termos, e rigorosos na forma, que os dois palestrantes do 4 de Dezembro.
Que Capucho e Vilaça têm um longo passado de direita é mais que sabido.
Que aceitaram ser os rebenta-minas do PSD e do CDS, é que é por demais surpreendente.
A não ser que, como os mais jovens líderes do PSD e do CDS, também sintam a fúria incontida da sede pelo poder!
Osvaldo Castro
5 comentários:
Caro Osvaldo
Claro que estou inteiramente de acordo com a tua (habitual) lucida análise aos preparativos que a direita faz para logo que possível tomar o poder respeitando ou não os preceitos constitucionais, perfeitamente claros no que a isso se refere.
Para quem está fora da área do poder e nunca a isso se alcandorou, apenas querendo o melhor para o seu País e convictamente sabe que nunca, uma solução de direita é a ideal, sofre por ver que quem detém o poder legislativo em maioria, desperdiça constantemente a possibilidade de que a curto ou médio prazo a solução governativa e não só continue a estar nas mãos da esquerda Democrática. Creio que em muitos como eu, simples apoiante do PS subsiste a dúvida se não era possível fazer melhor, apesar de todos os obstáculos existentes?
Abraço
Caro Amigo Osvaldo
Este seu texto emana sabedoria, experiência e maturidade...como aliás nos vem habituando com o seu toque pessoal que sempre culmina no saber dizer, pensar e argumentar relativamente à união da razão intuitiva com o conhecimento superior rigoroso que engloba as primeiras causas e princípios.
Excelente análise...
Grande Abraço com Amizade :)
Ana Brito
O cemitério está cheio de homens bons. Depois de mortos é claro. Se Sá Carneiro fosse vivo não faltavam traições de quem hoje o idolatra. Também aqui se aplicaria a frase do Churchill – dita muito mais tarde – “Os meus inimigos sentam-se ao meu lado, à minha frente estão os meus opositores”.
Mas quando se quer colher votos usam-se todos os meios não importam as facadas pelas costas. Os judas não acabaram. Pavoneiam-se dentro dos partidos. São pessoas com várias faces e atitudes e o que realmente lhes interessa é poder. Seja alcançado pela traição ou outro meio qualquer. São invertebrados. Dobram-se a qualquer favor.
Há falta de carácter em Portugal e no meio político é um ver se te avias. Hoje não importa o ser. O que importa é o ter.
Por isso frase como a de Churchil fica na história.
Caro Osvaldo,
Concordo com o que escreve. Como tive oportunidade de escrever n'A Nossa Candeia, toda a
encenação torno desta data e da nova Comissão de Inquérito, especialmente aproximando-se o período eleitoral, só pode ser definida como mórbida... enfim... Que mais fazer quando as ideias de renovação mingam?
Qualquer novo facto que se desenterre apenas servirá para criar mais especulação. Poderá eventualmente ajudar a reescrever a história da década de 80 mas já não irá influenciar o futuro dos Portugueses como um todo, trinta anos passados. Como tal, irrelevante.
Um abraço
Ferreira
Caro Osvaldo Castro,
Faço link.
Obrigado.
Abraço amigo.
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