"A "esquerda solidária" de socialistas e ecologistas ganhou 21 regiões da França metropolitana na segunda volta das eleições regionais, com a direita a vencer apenas na Alsácia.
A direita republicana, no poder, perdeu a região da Córsega, uma das duas únicas regiões metropolitanas que controlava desde 2004. Em percentagem de votos, as listas de esquerda terão obtido, a nível nacional, mais de 53 por cento de votos, contra 34 por cento obtidos pela União para um Movimento Popular (UMP) e aliados, segundo resultados provisórios fornecidos pelo Ministério do Interior francês às 22:00 locais.
«É uma vitória sem precedentes», segundo Martine Aubry, primeira secretária nacional do Partido Socialista (PS) francês, presidente da câmara de Lille (norte) e possível candidata às eleições presidenciais de 2012. Martine Aubry salientou que a ideia da «esquerda solidária» que norteou a segunda volta das regionais foi bem recebida pelo eleitorado e deverá ser mantida «para o futuro». «Os franceses gostam de nós unidos», frisou Martine Aubry.
O primeiro ministro francês, François Fillon, assumiu a derrota e também «parte da responsabilidade» pelo mau resultado da UMP nestas eleições, o pior desde o pós-guerra para a direita republicana. «Não conseguimos convencer», afirmou François Fillon, acrescentando que falará «disso» no encontro com o Presidente da República francês, Nicolas Sarkozy, marcado para as 09:00 (08:00 em Lisboa) de segunda-feira. Apesar da convocatória presidencial, François Fillon «não será demitido», existindo «apenas um rearranjo técnico», afirmou o secretário-geral do Eliseu, Claude Guéant.
A Frente Nacional (extrema-direita) registou uma subida sensível, com as projecções indicando mais de nove por cento de votos, apesar de concorrer apenas em doze das 22 regiões. A Frente Nacional terá obtido mais de 17 por cento dos votos nestas regiões em que disputou "triangulares" com a união de esquerda e a direita da UMP. «A Frente Nacional voltou a ser um grande actor da política nacional», resumiu a dirigente oficiosa do partido, Marine Le Pen, filha mais nova do líder histórico e ainda presidente da Frente, Jean Marie Le Pen. Marine Le Pen obteve 22 por cento de votos na região de Nord-Pas-de-Calais (noroeste) e considerou os resultados da FN a nível nacional "um voto de convicção e adesão" que "marca a paisagem para as próximas presidenciais".
Outras vitórias regionais marcam um trampolim provável para as eleições de 2012, com o caso mais expressivo da socialista Ségolène Royal, reeleita na região de Poitou-Charentes com mais de 60 por cento dos votos. «É uma bela vitória para os presidentes de esquerda de toda a França e para as suas equipas, que jogaram o seu papel de barragem contra uma política injusta», afirmou Ségolène Royal, rival de Martine Aubry. A segunda volta das regionais registou uma descida da abstenção em relação ao escrutínio de 14 de Março, mas manteve-se alta, em cerca de 49 por cento."
TSF
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