sexta-feira, 2 de abril de 2010

Passos Coelho, uma vitória de Pirro?

"...Passos Coelho para se afirmar como verdadeiro candidato a 1ºministro carece de posturas de exigência e rigor, coisas que até agora não demonstrou de modo suficiente. Não se lhe conhece um verdadeiro programa alternativo de governo, nem ideias a tal propósito. As que foi adiantando, tipo “sound bites”,são irresponsáveis, em matéria de justiça ou de aumento de poderes presidenciais e devastadoras e delapidadoras do estado pelo seu teor liberal -conservador em matéria económica. São, por exemplo os casos da privatização da CGD, da Segurança Social ou até da RTP, verdadeiros atentados contra a Constituição e sobretudo medidas de carácter incendiário pela ruptura que sempre provocariam. Se tal se propõe, é bom que se conte ter pela frente a mais generalizada repulsa, mesmo oriunda dos sectores mais populares do seu partido.
Se assim for, e até agora Passos Coelho não desmentiu nada do que irresponsavelmente propôs nas eleições internas, então será de admitir que o anterior líder da JSD ainda não percebeu o que é ser candidato a primeiro-ministro e, com alta probabilidade, não chegará às próximas eleições
."
...
Publicado também no Jornal de Leiria, de 1 de Abril de 2010 (sem link disponível);
Osvaldo Castro

4 comentários:

Ana Brito disse...

Parabéns, Caro Amigo Osvaldo Castro, pela sua análise séria, perspicaz e pertinente patente neste artigo.
Penso que a política nem sempre é o produto da lógica ou da racionalidade. É também o produto de processos visíveis e invisíveis, de boas e más intenções, do senso comum e da irracionalidade. Não é fácil encontar consensos em problemáticas como o das reformas sociais que urgem. Eu diria, neste momento, aquilo que designo de "procura de legitimidade adicional dos pressupostos reformadores" do futuro(?).
Por isso, considero,que o carácter improvisado do Pedro, do Passos e do Coelho não obedece a uma planificação acordada de transferência de competências, nem corresponde a uma apropriação normativa de conceitos suficientemente válidos no que concerne a territorialização, a autonomia e a necessidade de parcerias no terreno que pisa, acrescendo a debilitada mobilização instrumental dos actores políticos que abundam com slogans, presentes nos discursos, através de fórmulas retóricas e ideológicas. Parece que o único meio de não pensar por slogans, é pensar os slogans, cultivando-se uma epistemologia de controvérsia.
Há que desocultar os pressupostos ideológicos da retórica, por isso, bem haja pelo seu artigo, que designo por "funcionalismo crítico", uma acção sensata e compatível com a essência da ideia política que o acompanha como socialista.
Abraço Amigo
Ana Brito

MFerrer disse...

Pobre País que passa a vida a caminhar para Alcácer-Quibir...e a sonhar com iluminados que venham um dia, dotados de saberes e de poderes "superiores", garantir-nos o paraíso na terra, sem trabalho nem esforço destes crentes.
Até atacam a Escola pública ...por ter aulas de substituição e de recuperação!
Cumprimentos!

Carta a Garcia disse...

Cara Ana Brito,

Obrigado pelas S/ amáveis palavras e especialmente pela análise que também produz a esta nova aventura do PSD. De facto, creio que não há planificação de "transferência de competências" e não se vislumbra a indispensável "apropriação normativa de conceitos"...
A ver vamos, um certo tipo de"cavaquismo" pode estar perimido, mas se vem por aí um certo tipo de liberalismo populista de ambição imediata, creio que o PSD vão continuar em sérias dificuldades,mas o país também...
Abraço Amigo,
OC

Carta a Garcia disse...

Caro MFerrer,
Também não sinto o "smog" dos nevoeiros...deve ser da minha vista.
Subscrevo "in totum" o seu comentário, mesmo em matéria de educação.
Cumprimentos.