domingo, 21 de março de 2010

Sócrates chama "fracos" a PSD e BE por se terem unido numa "santa aliança contranatura"

Braga, 20 mar (Lusa)

"José Sócrates acusou hoje o PSD e o Bloco de Esquerda de serem “fracos” ao se terem unido numa “santa aliança” para criar uma comissão de inquérito com o ataque pessoal como objetivo, avisando que o “encontrarão pela frente”.
O secretário geral do PS, no discurso de encerramento do Fórum Novas Fronteiras, criticou o facto de o PSD e o Bloco de Esquerda terem formado uma “santa aliança”, que não tinha outro objetivo se não procurar atingi-lo “pessoalmente”, atingindo também “a honra do primeiro ministro em funções”.
“Fracos, fracos sim, verdadeiramente fracos são aqueles que se juntam em alianças espúrias entre a direita e a esquerda mais radical com o único objetivo de atacar o PS”, condenou.
Segundo o primeiro ministro, “a verdade” é que
a oposição “ainda não digeriu a ideia de que, por vontade do povo, foi o PS que ganhou as últimas eleições legislativas”.
“Quero dizer a essa aliança contranatura que me encontrarão pela frente e que encontrarão pela frente o PS e todos aqueles - e são felizmente muitos - que entendem que há um limite intransponível para o puro jogo partidário. E esse limite é o respeito pelos adversários e é o respeito pelas instituições”, realçou Sócrates.
Para o primeiro ministro “esta santa aliança contra o Governo ficará na história do oportunismo político”.
“Triste figura a desses auto-proclamados paladinos da verdadeira esquerda que na hora da verdade o que aceitam ser é uma muleta da direita nas suas campanhas contra o PS”, considerou.
As críticas ao PSD e ao Bloco de Esquerda continuaram, com o secretário geral a ironizar: “dizem eles, com aquele ar ingénuo e quase angelical que eles costumam pôr, em que só lhes falta uma auréola à volta da cabeça, que isto da comissão de inquérito não tem nada de pessoal. Não!”.
“E muito menos pretende, longe vá o agoiro, justificar à força uma moção de censura”, continuou Sócrates, acrescentando ainda que “dizem que isto é só para esclarecer umas quantas coisas”.
O primeiro ministro é perentório ao dizer que “não estão esclarecidos porque não lhes deu jeito dar ouvidos aos esclarecimentos que foram dados”.
Foram vários os governantes socialistas que estiveram hoje em Braga, no Fórum Novas Fronteiras, entre os quais se pode destacar o ministro da Economia e da Inovação, Vieira da Silva, a ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, António Mendonça, o presidente da Assembleia da República, Jaime Gama, o ministro da Defesa Nacional, Augusto Santos Silva e o líder da bancada parlamentar, Francisco Assis.
O candidato às ultimas eleições europeias, Vital Moreira, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, o secretário de Estado da Justiça e da Modernização Judiciária, José Magalhães, a secretária de Estado da Modernização Administrativa, Maria Manuel Leitão Marques, e o deputado socialista José Lello foram outros dos socialistas presentes."

JF/LUSA

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico***

4 comentários:

A. CONSTÂNCIO disse...

Caro Osvaldo
A campanha levada a cabo pelo PSD, com uma mãozinha do Bloco, baseada no ataque pessoal, nos indícios, nos diz que disse, é execrável, como são todas as que se destinam ao assassínio de carácter de qualquer pessoa.
De qualquer forma, o Forum Novas Fronteiras deveria ser um espaço de debate da esquerda democrática, que deixasse claro que há fronteiras que não deveriam ser violadas.
Para mim, que ainda consigo distinguir o que diferencia um Partido Socialista do cada vez mais liberal PSD, é dificil aceitar, que em nome da diminuição da dívida pública, se anuncie no PEC a venda a desbarato de empresas maioritáriamente públicas, algumas em regime de monopólio puro, como a REN, os CTT ou a ANA.
Assim como é impensável privatizar a CGD, como defendem alguns sectores do PSD, porque ela funciona como um eficaz regulador do mercado financeiro, o Estado não deveria prescindir de ferramentas que lhe permitem intervir noutros sectores fundamentais, como a energia, as telecomunicações e os transportes.
Sei que a situação é complicada. Que não há soluções imunes a efeitos colaterias, mas quero crer que privatizar estes sectores, que são lucrativos e geram impostos e dividendos para o Estado, bem como atingir benefícios sociais dos mais desfavorecidos, protelando a aplicação de mais valias à especulação bolsista, não se enquadram na prática de uma política de esquerda, em nome da qual nos empenhamos.
É um grito de alma, que se perderá neste espaço fechado de circulação de informação, mas não deixa de ser a forma que encontro de manifestar o meu descontentamento.

Carta a Garcia disse...

Caro Armando Constâncio,

É um gosto ter-te como comentador de corpo e nome inteiro nesta caixa de Comentários.
Claro que bem entendo e compartilho do teu "grito de alma".
Suponho que essa ideia está muito generalizada em sectores do PS,porém, como reconheces, a complexidade da situação obriga a medidas de grave contenção.
Não tenho a certeza se o que se anuncia no PEC, a título de privatizações, por exemplo, faz parte de uma intenção definitória de execução, ou se se conta poder evitá-lo, mercê do previsível crescimento da economia mundial e europeia e consequente recuperação também em Portugal.
A verdade, é que as principais instituições internacionais e os mercados estão a responder positivamente à proposta portuguesa...Isso ajuda a recuperar!
Ou seja, não disponho de informação privilegiada, mas nem sempre o que se enuncia a título programático se tem de cumprir, especialmente se os factores condicionantes se alterarem de forma favorável...
Esperemos que seja eu a ter razão...se se tratar de mero optimismo,então entraremos numa situação de ruptura social.
Abraço,
Volta sempre.
OC

A. CONSTÂNCIO disse...

Pelo que julguei perceber nas entrelinhas, fico na expectativa de que se trate de matéria reversível e que possa ser possível manter os dedos e os aneis.

Carta a Garcia disse...

Meu Caro Armando,

Não posso jurar, mas tenho a expectativa de que se tenha traçado o quadro mais negro à espera de o ver melhorado com a hopotética recuperação económica...