quinta-feira, 18 de março de 2010

Poema para Galileu, de António Gedeão,dito por Mário Viegas

8 comentários:

folha seca disse...

Caro Osvaldo.

Obrigado por nos trazeres esse belíssimo poema de António Gedeão, declamado por esse grande actor que foi Mário Viegas. Penso ter percebido a mensagem que nos quiseste transmitir.

Do mesmo autor e com a mesma intenção mando-te tambem uma mensagem (não é bem a carta a Garcia).

Dez réis de esperança

Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.

António Gedeão

Carta a Garcia disse...

Obrigado, Caro Folha Seca, aí fica o poema que enviaste, tão belo quanto aquele que publiquei.
Um grande Abraço, também por perceberes a mensagem.
OC

Ana Brito disse...

Caro Amigo Osvaldo de Castro
Um poeta é um jogador de palavras ainda mais sensível que a própria beleza delas...
Gedeão...Viegas - duas sensibilidades fenomenais: a arte de exprimir sentimentos por meio da palavra ritmada no universo que medeia o escrito e o oral.
Obrigada por este momento de sensibilidade...
Um abraço
Ana Brito

Carta a Garcia disse...

Cara Ana Brito,
Muito obrigado pelas S/ palavras e pela atenção que vai dando a este blogue.
Gedeão e Mário Viegas é de facto uma mistura de sensibilidades inultrapassável.

Abraço amigo e volte sempre.

Osvaldo Castro

Maria Estrela Melchior Dinis disse...

Caro Osvaldo
Tb costumo andar a navegar por aqui.
Embora mais longe continuas a estar presente nestas andanças.
Gostei desta do António Gedeão, por Mário Viegas.
Um abraço

Carta a Garcia disse...

Cara Maria Estrela,

Tantas estrelas no firmamento que não sou capaz de a distinguir...
Creio que nunca deixei de andar por perto. Eu,pelo menos, não me sinto longe dos meus sítios...
Espero que continue a navegar por aqui...volte sempre.
Quem gosta do Gedeão e do Viegas é sempre bem recebido por aqui.
Cumprimentos.
OC

Maria Estrela Melchior Dinis disse...

Tantas estrelas no firmamento mas na Vieira....mt poucas

Carta a Garcia disse...

Cara Maria Estrela,

Minha boa Amiga, claro que foi um dos nomes que me perpassou pela memória... Mas a referência da Vieira deixou-me sem dúvidas.
Que grande gosto revê-la por esta via digital...
Volte sempre, um grande Abraço,

OC