sexta-feira, 21 de maio de 2010

AR/Censura: José Sócrates diz que não havia alternativa ao aumento de impostos

Lisboa, 21 maio (Lusa)
"O primeiro ministro, José Sócrates, afirmou hoje que não havia alternativa ao aumento de impostos porque o Governo precisava de medidas que dessem resultados rapidamente, depois da alteração dos mercados financeiros.

“As medidas que tínhamos que apresentar para fazer face à situação não eram medidas que pudéssemos esperar um ano para obter resultados. Infelizmente não há alternativa ao aumento de impostos”, afirmou José Sócrates.

O primeiro ministro respondia ao líder do CDS-PP, Paulo Portas, que o tinha questionado com a garantia que o Governo tinha dado de que não aumentaria os impostos, no último debate quinzenal.

“A verdade é que a situação dos mercados financeiros, 15 dias do último conselho europeu, transformou e alterou por completo a situação. Quem não quiser ver, invocará sempre que isso não aconteceu, mas todo o mundo percebeu que o ambiente mudou. Isto obrigou a Comissão, o Banco Central Europeu e todos os governos a mudar”, disse José Sócrates.

Para José Sócrates, a alternativa ao aumento de impostos seria cortar “nos fundamentos do Estado social”, na saúde, na escola pública e na segurança social e, frisou, para isso “o Governo não estava disponível”.

“Ao fim destes sete meses que nos faltam nós temos que obter resultados”, afirmou, argumentando que todos os governo europeus tomaram medidas que visam “defender a moeda única e a credibilidade do projeto europeu”.

Portas lamentou que o primeiro ministro “ache normal” que o Governo faça um “aumento de impostos por despacho”, sem “lei habilitante” aprovada no Parlamento.

Perante as críticas do líder democrata cristão, José Sócrates acusou Paulo Portas de “ter escolhido a popularidade fácil” ao invés da responsabilidade com o “único objetivo de agradar ao eleitorado”.

SF/Lusa

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico ***

5 comentários:

MFerrer disse...

Este Governo não merecia nem a crise, nem esta Oposição.
Se, quanto à primeira, até podemos socorrer-nos da UE e de cada membro, quanto à segunda, esta oposição, com um ozinho assim pequenino!, não serve para nada, e é que nada aprende. Nem sequer a proteger-se do ridículo que protagoniza.
De Comissão em Comissão , de Plenário em Plenário, vai descendo escadarias de bolor bafiento e de lama, em que se enterra, mais morta que viva!
Felizmente temos um PM que é capaz de ainda fazer humor com as evidentes contradições do maior partido ( e o mais, também...) que se abstem numa MC protagonizada pelo mais vetusto partido comunista da Europa, quando sempre e afinal, é motivo da mesma censura e do mesmo desprezo...
Se calhar, até o merece!
Abraço!

Rogério G.V. Pereira disse...

Eu tinha a percepção de que haveria alternativas às medidas que foram objecto da moção de censura.

Depois de ler o estudo do Eugénio Rosa aumentei a convicção de que assim poderia ser.

Contudo, nem sequer em sede de consertação económica e social essas propostas foram analisadas.

Tudo está a acontecer dentro de um paradigma estritamente financeirista e que compromete o desenvolvimento económico. Que vai acontecer com a drástica redução do consumo interno e consequente quebra das actividades produtivas?

Porquê aquela "tirada" do Belmiro de Azevedo? É apenas uma afirmação infelíz?

Não percebo as opções do Governo. Não percebo...

Carta a Garcia disse...

Meu Caro MFerrer,

Claro que sim...a realidade é muito mais dura do que alguma vez se pensou. E se há ventos induzidos do exterior, onde a crise é tão ou mais violenta que em Portugal, a verdade é que vamos,todos, ter de compreender a necessidade imperiosa dos sacrifícios.
Volto a dizer, primeiro há que salvar o país, mesmo que tal signifique perder as próximas eleições, por não cedermos ao populismo facilitista...
É esse sentido de responsabilidade e de estado que se impõe aos patriotas.
Abraço,

Carta a Garcia disse...

Caro Rogério Pereira,

Compreendo as suas dúvidas e perplexidades e até aceito que tenha havido erros na condução de certos negócios públicos, porém,o problema principal reside na dureza da crise europeia e mundial... como não há memória nos últimos 90 anos...
E não vale a pena estarmos com rodeios, o PCP e o BE, ao apresentarem como resposta à crise uma moção de censura, no primeiro caso, e ao apoiá-la e votá-la, no caso do BE, só obrigam o governo a ter de procurar respaldo no "bloco central"...e tudo para reforçar uma futura "manif" ou para tentar ter(ou perder) mais 1/2 deputados em futuras eleições...
Aliás, é por contar com tais aliados objectivos que o Belmiro se dá ao luxo de incentivar "o assalto aos hipermercados"...para se armar em vítima e lançar posteriormente a culpa sobre toda a esquerda...
Perante a situação, o PCP e o BE deveriam reflectir ponderadamente sobre o futuro do país...se o querem governado assente no estado social, no respeito pelo SNS e pela escola pública, têm de dar o seu contributo e assumir que deixam de ser meros partidos de protesto...
É isso que o Eugénio Rosa também não quer, ou finge não perceber...
Volte sempre,
Abraço,

Ana Brito disse...

Caro Osvaldo
Penso que o pacote de austeridade que inclui o aumento do IVA, IRS e IRC, bem como a redução de despesa com vista a reduzir o défice constitui uma medida necessária, urgente, inevitável e, talvez, tardia, mas ainda atempada, sendo bastante provável que ainda não fique por aqui. Numa intervenção anterior in "A Carta a Garcia" admiti que é necessário pedir sacrifícios aos portugueses e assim parece ter de ser.
Não me parece que esta decisão possa vir a significar perda de eleições num futuro próximo. A História, nem sempre, mas muitas vezes, repete-se, e a consciência nacional encarrega-se de acabar por fazer "jus" aos momentos difíceis que, como noutros momentos, do percurso político da vida do país, já foram vivenciados e não foram os dirigentes políticos castigados por "cortarem a direito".
Vamos esperar para ver... como dizem os ingleses...
Um Abraço Amigo e Coragem Polítca como Deputado.
Ana Brito