A recente reunião realizada entre o 1ºministro José Sócrates e o líder do maior partido da oposição, Pedro Passos Coelho, é um bom sinal do diálogo político construtivo em Portugal e revela uma inequívoca alteração de comportamento do PSD e do seu novel líder. Em vez da política de “asfixia democrática” que foi bandeira desfraldada pela anterior líder, Manuela Ferreira Leite, e que se revelou desastrosa e foi clamorosamente derrotada em eleições legislativas, o novo estilo de Passos Coelho, para além do sentido patriótico revelado, patenteia um claro sinal de assumpção de responsabilidades na exacta medida em que o país delas carece. E, obviamente, como se verifica pela mais recente sondagem do Barómetro da TSF e do Diário Económico, o novo líder do PSD colheu frutuosos dividendos da habilidade política com que lidou com a situação do ataque especulativo ao Euro ocorrida na passada semana.
O que se consubstancia numa afirmação de sensibilidade política apurada, de que, reconheça-se, muitos duvidavam no dia seguinte às eleições internas do PSD e à evidente vitória de Pedro Passos Coelho. A verdade é que, menos de um mês passado sobre a sua posse como líder, o novo presidente social-democrata deu uma clara lição de sentido de estado, afirmando-se como o líder indiscutível e indiscutido do PSD. Dê-se a mão à palmatória, Passos Coelho tem o partido na mão e, contrariamente ao que eu próprio aqui admiti na última Crónica, não vejo quem, no PSD, esteja em melhores condições do que ele para disputar as próximas eleições legislativas.
Pese embora o sentido construtivo do encontro entre os dois líderes, que terão acertado acompanhar em conjunto a situação financeira e a execução da estratégia de consolidação orçamental, o que poderá reforçar a confiança dos mercados na economia portuguesa e poderá contribuir para aumentar a capacidade de cumprir os objectivos programados no PEC, a verdade é que as declarações proferidas, por si só, não resolvem todos os problemas que Portugal enfrenta, designadamente a reiterada ofensiva especulativa contra o Euro materializada nas acções das Agências de “rating” contra a Grécia, Portugal e Espanha.
A verdade é que, no caso português, a informação já disponível revela uma evolução positiva no 1º trimestre no concernente aos indicadores da economia, indiciando uma trajectória de recuperação reiterada e dados consistentes, em matéria de receita e despesa, com os objectivos orçamentais inscritos e definidos.
Mas nem isso impediu a fúria especulativa dos que querem pôr em causa o Euro no seu conjunto e a dívida pública soberana de diversos países europeus.
Do que se trata, sem margem para dúvidas é de um desafio ao Euro e à União Europeia, o que só se pode atalhar com uma resposta firme, conjunta e solidária por parte dos estados da União.
Tal resposta, que começou a ser dada com clareza com o vultuoso empréstimo à Grécia, poderá ser o verdadeiro sinal de confiança de que as economias e os mercados mundiais precisam para confiarem na robustez do Euro e para que os próprios estados da União e os membros da Zona Euro sintam com confiança que é na solidariedade inter-estadual que reside a maior força da moeda única.
Mas obviamente, Portugal tem que prosseguir o seu próprio caminho de exigência e rigor, mesmo sabendo que pode contar com a solidariedade da União Europeia em caso de dificuldades inesperadas.
Não se trata de cair numa qualquer obsessão com o défice, como sucedeu com Ferreira Leite, mas antes de encontrar a forma de fundir criativamente os objectivos de redução do défice com a indispensável consolidação da recuperação económica.
Urge manter as prioridades anteriormente definidas, o mesmo é dizer, a recuperação da economia e o crescimento do emprego. Para tal há que ter a coragem, mesmo que reavaliando o investimento público, de concentrar investimento público em obras de proximidade, como, aliás, se tem feito em escolas, lares, creches, entre outras e apostar nas três grandes obras estruturantes cujo investimento ou tem apoios comunitários, ou é fruto de parcerias público-privadas, ou está disseminado no tempo, como é o caso do troço do TGV para Madrid, do aeroporto ou da terceira travessia do Tejo.
Para tanto há que saber mobilizar os portugueses para o enérgico combate à crise, garantindo o objectivo de consolidação das contas públicas, com especial acento no lado da despesa e no combate ao desperdício e à ineficiência e promovendo, com segurança e firmeza, as medidas indispensáveis ao crescimento económico e à consequente recuperação do emprego.
Osvaldo Castro
(publicado no Jornal de Leiria de 6 de Maio de 2010)
O que se consubstancia numa afirmação de sensibilidade política apurada, de que, reconheça-se, muitos duvidavam no dia seguinte às eleições internas do PSD e à evidente vitória de Pedro Passos Coelho. A verdade é que, menos de um mês passado sobre a sua posse como líder, o novo presidente social-democrata deu uma clara lição de sentido de estado, afirmando-se como o líder indiscutível e indiscutido do PSD. Dê-se a mão à palmatória, Passos Coelho tem o partido na mão e, contrariamente ao que eu próprio aqui admiti na última Crónica, não vejo quem, no PSD, esteja em melhores condições do que ele para disputar as próximas eleições legislativas.
Pese embora o sentido construtivo do encontro entre os dois líderes, que terão acertado acompanhar em conjunto a situação financeira e a execução da estratégia de consolidação orçamental, o que poderá reforçar a confiança dos mercados na economia portuguesa e poderá contribuir para aumentar a capacidade de cumprir os objectivos programados no PEC, a verdade é que as declarações proferidas, por si só, não resolvem todos os problemas que Portugal enfrenta, designadamente a reiterada ofensiva especulativa contra o Euro materializada nas acções das Agências de “rating” contra a Grécia, Portugal e Espanha.
A verdade é que, no caso português, a informação já disponível revela uma evolução positiva no 1º trimestre no concernente aos indicadores da economia, indiciando uma trajectória de recuperação reiterada e dados consistentes, em matéria de receita e despesa, com os objectivos orçamentais inscritos e definidos.
Mas nem isso impediu a fúria especulativa dos que querem pôr em causa o Euro no seu conjunto e a dívida pública soberana de diversos países europeus.
Do que se trata, sem margem para dúvidas é de um desafio ao Euro e à União Europeia, o que só se pode atalhar com uma resposta firme, conjunta e solidária por parte dos estados da União.
Tal resposta, que começou a ser dada com clareza com o vultuoso empréstimo à Grécia, poderá ser o verdadeiro sinal de confiança de que as economias e os mercados mundiais precisam para confiarem na robustez do Euro e para que os próprios estados da União e os membros da Zona Euro sintam com confiança que é na solidariedade inter-estadual que reside a maior força da moeda única.
Mas obviamente, Portugal tem que prosseguir o seu próprio caminho de exigência e rigor, mesmo sabendo que pode contar com a solidariedade da União Europeia em caso de dificuldades inesperadas.
Não se trata de cair numa qualquer obsessão com o défice, como sucedeu com Ferreira Leite, mas antes de encontrar a forma de fundir criativamente os objectivos de redução do défice com a indispensável consolidação da recuperação económica.
Urge manter as prioridades anteriormente definidas, o mesmo é dizer, a recuperação da economia e o crescimento do emprego. Para tal há que ter a coragem, mesmo que reavaliando o investimento público, de concentrar investimento público em obras de proximidade, como, aliás, se tem feito em escolas, lares, creches, entre outras e apostar nas três grandes obras estruturantes cujo investimento ou tem apoios comunitários, ou é fruto de parcerias público-privadas, ou está disseminado no tempo, como é o caso do troço do TGV para Madrid, do aeroporto ou da terceira travessia do Tejo.
Para tanto há que saber mobilizar os portugueses para o enérgico combate à crise, garantindo o objectivo de consolidação das contas públicas, com especial acento no lado da despesa e no combate ao desperdício e à ineficiência e promovendo, com segurança e firmeza, as medidas indispensáveis ao crescimento económico e à consequente recuperação do emprego.
Osvaldo Castro
(publicado no Jornal de Leiria de 6 de Maio de 2010)
3 comentários:
Caro Osvaldo
Vamos acreditar que uma nova forma de diálogo e entendimento é possível e tão necessária para levar a bom porto as necessidades que urgem resolver no nosso país e que se cruzam, também, no domínio internacional.
Muito mais que conceder o benefício da dúvida é necessário acreditar no diálogo positivo a nível pluripartidário.
Haja optimismo e uma nova esperança!
Abraço Amigo
Ana Brito
Cara Ana Brito,
Ponderada a crise internacional, o ataque especulativo ao euro e os respectivos reflexos em Portugal, creio que temos de ter a coragem de concertar posições com os sectores da oposição, em nome da defesa do estado.
Temos de confiar na determinação, mas também no sentido de estado de governantes e oposições.
A ver vamos,
Abraço.
Gostava que alguém me explicasse que ataque especulativo é esse? E por outro lado, se, quando o Euro subiu, era também um ataque especulativo contra o dólar.
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