sexta-feira, 15 de julho de 2011

Link Inevitável...ao "POLITEIA", com vénia ao JMCorreia Pinto

O “DESVIO COLOSSAL” E A POLÍTICA DO “BOM ALUNO”



OU A IRRESPONSABILIDADE DE PASSOS COELHO



Os gregos são os únicos que não podem dizer: “Nós não somos a Grécia!”. Mas foi exactamente por terem actuado como está a actuar Passos Coelho que eles chegaram onde estão. De facto, os que agora lá governam a primeira coisa que fizeram mal lá chegaram foi acusar os que de lá tinham saído. E o resultado viu-se: a situação ainda ficou pior do que dantes.

Esta conversa de Passos Coelho, sobre o “desvio colossal”, além de ser completamente irresponsável, é um eloquente exemplo da execrável política do “bom aluno”.

A política do “bom aluno”, se bem se lembram, começou com Cavaco na legislatura posterior à adesão à CEE. O “bom aluno”, no entendimento político que lhe foi dado, era aquele que acolhia com subserviência o ensinamento dos mestres, cuja lição procurava reproduzir, imitando-os. Era o aluno “bem-comportadinho” que fazia os devereszinhos segundo a ordem que lhe foi recomendada mal transpunha a porta de casa, que na aula estava sempre com o dedinho no ar para impressionar o professor e reproduzir uma banalidade caso fosse interrogado e que, além do mais, acusava os colegas mal-comportados por não o deixavam seguir com atenção a lição do mestre.

No fim tinha catorze, numa escala de zero a vinte, porventura quinze lá mais para o fim do curso para premiar o esforço.

É obvio que só mesmo quem nunca foi bom aluno pode ter do bom aluno esta ideia tão estúpida a ponto de a querer reproduzir como modelo de acção política. De facto, o bom aluno, o aluno ciente das suas capacidades, não reverencia os mestres, nem lhes dá graxa. Confia nas suas capacidades sem necessidade de imitações e mantém as distâncias, até porque está convencido que é melhor do que a maior parte deles. Estuda, tenta inovar, polemiza e confia no seu saber, certo de que essa será sempre a bitola que em última instância ditará a sua avaliação.

Mas como bom aluno não é quem quer, nada mais natural que as imitações redundem num fracasso. Esta tolice de tentar impressionar Bruxelas e os “mercados”, com licença do pleonasmo, dando mais do que aquilo que eles pediram e insinuando revelar o que eles não descobriram, acaba por se virar contra o “delator”.
Exactamente por isso é que se assistiu hoje a esse facto inédito nos anais da política caseira de o Ministro das Finanças vir interpretar com efeitos retractivos as declarações do Primeiro Ministro. O contrário é normal. Acontece por vezes o primeiro ministro ter de corrigir as declarações de um ministro menos experiente e, por uma questão de delicadeza, fá-lo normalmente sob a forma de interpretação. Mas essa de o PM ser interpretado correctivamente por um ministro é que é uma novidade digna de nota!


JMCorreia Pinto

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