Nicolas Sarkozy e François Hollande, que disputam no domingo a segunda volta da eleição presidencial em França, estiveram na quarta-feira frente a frente num debate televisivo longo, crispado, com insultos e dominado pela crise económica.
No único debate da campanha para a segunda volta, visto por 20 por milhões de espetadores em França e intensamente acompanhado nas redes sociais, o candidato à reeleição, Nicolas Sarkozy, e o socialista François Hollande, favorito à vitória nas sondagens, trocaram argumentos durante mais de duas horas e meia.
Foram diversos os momentos de tensão -- e insulto -- no debate: "O senhor mente", afirmou Nicolas Sarkozy quando Hollande o acusou de fazer uma política para os ricos. "É um lema insuportável para mim, mas que na sua boca se transforma um hábito", acrescentou.
"O senhor levou a cabo uma presidência tendenciosa, partidária", acusou Hollande. Nicolas Sarkozy respondeu com violência: "É mentira. O senhor é um pequeno caluniador", disse.
François Hollande começou o debate afirmando que quer "mudar" e "unir a França". Sarkozy respondeu-lhe que não houve violência durante o seu mandato, apesar das reformas que implementou, e considerou que isso quer dizer que os franceses não partilham da opinião do socialista.
Depois, o recandidato atacou a promessa de Hollande de vir a ser um Presidente normal: "O senhor tem falado de uma presidência normal. A sua normalidade não está à altura dos desafios", afirmou.
O socialista fez um balanço "pesado" do mandato de Sarkozy: "O nosso desemprego aumentou, a nossa competitividade degradou-se, a Alemanha fez melhor do que nós", afirmou.
"A Alemanha aplicou a 'TVA social' anti-deslocalização, que o senhor recusa, a Regra de Ouro, que o senhor recusa, e a regra de competitividade, que o senhor recusa. A Alemanha como argumento para me atacar é um argumento que se vira contra si", respondeu-lhe Sarkozy.
Sobre a Europa, que Hollande pretende que ataque a crise "para além da austeridade, com crescimento", Nicolas Sarkozy afirmou que muitas das medidas que o socialista defende para resolver a crise já foram tomadas.
"Há um ponto de desacordo, os 'eurobonds', que significam que vamos financiar a dívida dos outros e isso eu não quero", afirmou o Presidente recandidato.
A respeito da imigração, com Sarkozy a argumentar pela necessidade de controlar fronteiras e de "proteger a França do comunitarismo muçulmano", Hollande defendeu o direito de voto dos estrangeiros.
O socialista terminou o debate rejeitando a "política de medo" que, considera, Sarkozy vem pondo em prática. Garantiu aos franceses que "as leis da República serão aplicadas" e que "as finanças serão repostas".
Nicolas Sarkozy dirigiu-se aos eleitores da Frente Nacional (18 por cento dos votos na primeira volta) e do MoDem, do centrista François Bayrou (nove por cento): "A questão não é Hollande ou Sarkozy. São vocês. É a direção da França", disse.
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