A vida política tem destes equívocos. Aqueles que acusavam o primeiro-ministro de estar a levar o país para o abismo, são exactamente os mesmos que o querem impedir de salvar as nossas contas públicas e a nossa economia.
Nestas coisas, infelizmente, não há coincidências.
Desde o desaforado discurso de posse do reeleito PR, até à tentativa de “lock out” dos patrões dos camionistas, passando pela moção de censura frustrada do BE, sem esquecer a simultaneidade da pequena manifestação dos professores com a desmedida manifestação dos ditos “ à rasca”, tudo se conjugou para obnubilar o êxito que Sócrates logrou na passada 6ªfeira em Bruxelas.
Melhor dito, tudo foi previsto e planeado para que o Eurogrupo, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu fossem confrontados com um primeiro ministro, de corda ao pescoço, a mendigar a exigente ajuda externa, que muitos sempre ansiaram, como forma de pretextar razões suficientes para que Cavaco Silva se vergue aos interesses do seu partido e ouse dissolver a Assembleia da República, invocando um hipotético “funcionamento irregular das instituições”.
Verdade se diga que o plano, por muito congeminado, se apresentava cheio de buracos e que os “spin doctors” da direita não contavam com o estilo coriáceo e voluntarista de Sócrates.
Sem truncar ou violar qualquer das cláusulas do acordo orçamental para o corrente ano, o primeiro-ministro e o ministro das Finanças clarificaram as medidas cujas linhas gerais já cabiam no acordo com o PSD. E inscreveram, também, as que obviamente se teriam de compaginar com a continuidade do rigor de execução orçamental e da contenção da despesa pública, que se mostravam inevitáveis para 2012/13, na dinâmica e na leitura de qualquer meridiano economista ou especialista de finanças.
E a clarificação dessas propostas de medidas de austeridade veio a merecer o claro aplauso do presidente da Comissão, do Comissário Europeu das Finanças, do presidente do Eurogrupo e até do rigoroso e super exigente, Trichet, Governador do Banco Central Europeu, para além dos demais representantes do Conselho, capitaneados pela Chanceler Ângela Merkel.
Foi, indiscutivelmente, a vitória da perseverança e o sucesso da persistência de Sócrates. Coisa que, aliás, a baixa de juros da dívida tem vindo a confirmar e as sucessivas declarações dos principais responsáveis económicos europeus têm vindo a corroborar.
Ou seja, na passada 6ª feira Sócrates logrou ganhar a confiança dos responsáveis europeus e deu passos decisivos para recuperar a confiança dos mercados e das agências de “rating”.
Claro, há quem diga que quebrou algumas regras de procedimento, admito-o, mas interrogo-me se o que, no caso, contava eram as questões procedimentais ou a substância das medidas propostas…Ao que acresce que o governo já reiterou estar disponível para discutir no Parlamento todas e cada uma das medidas.
A ter em conta as preocupações saídas das reuniões de ontem e de hoje do Eurogrupo, é mais que evidente que o PSD e aqueles que se servem de questões procedimentais para abrir uma profunda crise política em cima de uma grave crise económica, devem pensar duas vezes antes de se deixarem arrastar pelos cantos de sereia do interesse partidário em detrimento dos interesses e do sentido de estado.
A persistir na rejeição do acordo que Portugal teve de fazer em Bruxelas, o PSD está a pôr em causa a ajuda europeia, precisamente no momento em Sócrates a conseguiu, assim criando condições para desafogar o país.
Se querem que o país não respire, se optam pelo descalabro orçamental que conduz à bancarrota e ao cortejo de inevitável miséria, então que o digam já e tenham a coragem de apresentar uma moção de censura.
Logo se verá quem opta pelos sacrifícios e pela ajuda europeia agora viabilizada, ou quem escolhe os caminhos tortuosos do FMI.
Osvaldo Castro
Nestas coisas, infelizmente, não há coincidências.
Desde o desaforado discurso de posse do reeleito PR, até à tentativa de “lock out” dos patrões dos camionistas, passando pela moção de censura frustrada do BE, sem esquecer a simultaneidade da pequena manifestação dos professores com a desmedida manifestação dos ditos “ à rasca”, tudo se conjugou para obnubilar o êxito que Sócrates logrou na passada 6ªfeira em Bruxelas.
Melhor dito, tudo foi previsto e planeado para que o Eurogrupo, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu fossem confrontados com um primeiro ministro, de corda ao pescoço, a mendigar a exigente ajuda externa, que muitos sempre ansiaram, como forma de pretextar razões suficientes para que Cavaco Silva se vergue aos interesses do seu partido e ouse dissolver a Assembleia da República, invocando um hipotético “funcionamento irregular das instituições”.
Verdade se diga que o plano, por muito congeminado, se apresentava cheio de buracos e que os “spin doctors” da direita não contavam com o estilo coriáceo e voluntarista de Sócrates.
Sem truncar ou violar qualquer das cláusulas do acordo orçamental para o corrente ano, o primeiro-ministro e o ministro das Finanças clarificaram as medidas cujas linhas gerais já cabiam no acordo com o PSD. E inscreveram, também, as que obviamente se teriam de compaginar com a continuidade do rigor de execução orçamental e da contenção da despesa pública, que se mostravam inevitáveis para 2012/13, na dinâmica e na leitura de qualquer meridiano economista ou especialista de finanças.
E a clarificação dessas propostas de medidas de austeridade veio a merecer o claro aplauso do presidente da Comissão, do Comissário Europeu das Finanças, do presidente do Eurogrupo e até do rigoroso e super exigente, Trichet, Governador do Banco Central Europeu, para além dos demais representantes do Conselho, capitaneados pela Chanceler Ângela Merkel.
Foi, indiscutivelmente, a vitória da perseverança e o sucesso da persistência de Sócrates. Coisa que, aliás, a baixa de juros da dívida tem vindo a confirmar e as sucessivas declarações dos principais responsáveis económicos europeus têm vindo a corroborar.
Ou seja, na passada 6ª feira Sócrates logrou ganhar a confiança dos responsáveis europeus e deu passos decisivos para recuperar a confiança dos mercados e das agências de “rating”.
Claro, há quem diga que quebrou algumas regras de procedimento, admito-o, mas interrogo-me se o que, no caso, contava eram as questões procedimentais ou a substância das medidas propostas…Ao que acresce que o governo já reiterou estar disponível para discutir no Parlamento todas e cada uma das medidas.
A ter em conta as preocupações saídas das reuniões de ontem e de hoje do Eurogrupo, é mais que evidente que o PSD e aqueles que se servem de questões procedimentais para abrir uma profunda crise política em cima de uma grave crise económica, devem pensar duas vezes antes de se deixarem arrastar pelos cantos de sereia do interesse partidário em detrimento dos interesses e do sentido de estado.
A persistir na rejeição do acordo que Portugal teve de fazer em Bruxelas, o PSD está a pôr em causa a ajuda europeia, precisamente no momento em Sócrates a conseguiu, assim criando condições para desafogar o país.
Se querem que o país não respire, se optam pelo descalabro orçamental que conduz à bancarrota e ao cortejo de inevitável miséria, então que o digam já e tenham a coragem de apresentar uma moção de censura.
Logo se verá quem opta pelos sacrifícios e pela ajuda europeia agora viabilizada, ou quem escolhe os caminhos tortuosos do FMI.
Osvaldo Castro
2 comentários:
Essa é a opção.
Caro A.R.
Também acho que seria...
Mas como pode reparar pela hora da publicação, escrevi ainda antes da entrevista... e fui surpreendido pelo seu final...daí que falhe a minha previsão no comportamento das agências de rating e nos juros, que já terão voltado a subir...
Acho que Sócrates devia ter tentado forçar a apresentação da Moção de censura...assim, está a descoberto...!
Abraço,
OC
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