O conselheiro de Estado Marcelo Rebelo de Sousa defendeu hoje que a "prioridade das prioridades" deve ser fazer tudo para "alongar" o prazo do programa de ajuda externa, defendendo que que não deve surgir mais austeridade "por nenhum sítio".
À margem da apresentação da obra "Tratado de Lisboa - Anotado e Comentado", a primeira anotação em língua portuguesa aos tratados europeus, no Palácio da Bolsa, no Porto, Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de mais medidas de austeridade, tendo considerado que isso não seria desejável.
"Se fosse primeiro-ministro fazia tudo para alongar o prazo agora que se diz que a Grécia vai alongar o prazo. Acho que essa devia ser a prioridade das prioridades e eu acho que o primeiro-ministro já abriu uma janelinha quando disse se alterarem as circunstâncias - leia-se, a Grécia e os outros países - nós também queremos. Espero que seja possível alterar as circunstâncias", disse.O ex-líder do PSD considera ainda que Pedro Passos Coelho "está a fazer a alteração possível" ao discurso."Quando uma pessoa tem um discurso que é muito, muito igual a si próprio e é o mesmo há um ano, perante a alteração das circunstâncias tem que começar a mudar aos poucos para não dar a sensação que muda muito porque ele próprio também não sabe como é que as circunstâncias se vão alterar", defendeu.Na opinião de Marcelo Rebelo de Sousa "não deve surgir" mais austeridade "por nenhum sítio porque neste momento já está tudo tão apertado"."Agora se me pergunta, com imaginação, onde é que eu acho que vão buscá-la, eu acho que está mais ou menos na cara que o que vão buscar, quando o Governo diz que não é só para os funcionários públicos, vão buscar aos trabalhadores que não são funcionários públicos, se for esse o caso", afirmou.Questionado sobre se estariam em causa os subsídios de natal, o social-democrata respondeu: "Não sei, isso aí é uma hipótese mas simplesmente não sei se é sequer uma hipótese possível. O Governo tem desmentido e não é certamente uma hipótese desejável".Sobre o Conselho Europeu que até sexta-feira decorre em Bruxelas, o comentador político considerou que se essa reunião "quisesse ser verdadeiramente histórica, devia apontar para mais união política, mais união fiscal, mais união financeira, mais união bancária"."E aquilo que vai apontar - Deus queira que seja mais do que isso mas à partida - é apenas para um pacto de crescimento e emprego que vem dois anos atrasado, que é curto, que é um reforço dos capitais do Banco Europeu de Investimento. É injetar na economia 180 mil milhões de euros, que é nada, para não sei quantas economias. Eu espero que até amanhã ainda haja mais do que isto porque isto é muito pouca coisa", antecipou.Marcelo Rebelo de Sousa declarou ainda que "o Governo português não tem muito espaço de manobra" e "está a seguir à risca a ‘troika’ e a ‘troika’ está a seguir à risca quem manda na Europa"."E como até agora quem tem mandado na Europa praticamente, sem grandes dissonâncias, é a Alemanha, Portugal tem de seguir o que está no acordo da ‘troika’ que por sua vez segue o que pensa a Alemanha. Não há muito espaço de manobra quando se deve o que se deve e tem que se cumprir aquilo que se assumiu como compromisso", sublinhou.
Hoje-20,54 h-Diário Digital com Lusa
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