Cumprem hoje o 18º dia de greve e não tencionam parar. Os trabalhadores do carvão das Astúrias protestam contra os cortes do Governo, que ameaçam a sobrevivência do setor.
Em greve indefinida há quase três semanas, os mineiros asturianos prometem continuar os protestos até que o Executivo espanhol reveja os cortes anunciados para o setor. e extinção.
Em causa está uma redução de 60% na verba destinada a apoiar a exploração de carvão no país (cerca de 200 milhões de euros anuais), sem a qual o setor enfrenta o perigo de extinção.
O encerramento das minas afetaria os postos de trabalho de cerca de 5 mil trabalhadores nas Astúrias e de dois mil em Leão que, no entanto, não parecem estar dispostos a permitir que isso aconteça.
Há vários dias que se repetem os cortes nas estradas e nas ferrovias de acesso à região das Astúrias, que chegou a estar completamente isolada. O cenário motivou diversos confrontos entre piquetes e polícia antidistúrbios, que levaram à detenção de vários mineiros grevistas.
Na noite de terça-feira, uma marcha encheu as ruas de Leão. Milhares de pessoas - muitas delas munidas de capacetes e lâmpadas de mineiro - pediram a defesa da indústria do carvão, enquanto gritavam palavras de ordem como "menos indemnizações a banqueiros e mais trabalho a mineiros".
Entretanto, os protestos chegaram também ao Congresso de Deputados. Ontem, um grupo de mineiros presente nas bancadas do hemiciclo interrompeu a intervenção do ministro de Indústria quando este se referia aos cortes para o setor, tendo sido expulsos pela Polícia. O protesto já conseguiu a solidariedade de ex-mineiros ingleses, que começaram a arrecadar fundos para apoiar as famílias dos trabalhadores espanhóis.
A classe mineira asturiana mantém, assim, o perfil combativo que a caracteriza. As paralisações revolucionárias de outubro de 1934 e de maio de 1962 (em plena época franquista) tornaram-se históricas e converteram o setor numa referência dentro do movimento operário espanhol. v
Jn.pt-Ontem-Maria João Morais, correspondente em Madrid
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