quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Euro/Crise: Rompuy diz que taxas de juro sobre dívida de Portugal e Espanha "são absurdas"

Londres, 13 dez (Lusa)

O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, pediu hoje confiança na capacidade de Portugal e Espanha reequilibrarem as contas públicas e eliminarem o défice, declarando “absurdos” os juros atuais sobre as obrigações.

“É concretizável, é concretizável”, insistiu, durante uma palestra hoje em Londres, onde o político belga lembrou a experiência enquanto ministro do Orçamento belga, nos anos 1990.

Na altura, vincou, a dívida pública era de 135 por cento e os juros altos, mas não se lembra de ninguém lhe perguntar sobre a capacidade de a Bélgica financiar a própria dívida.

“Ao fim de seis anos, deixei funções com o orçamento equilibrado e um excedente primário de cinco ou seis por cento do PIB”, afirmou.

Rompuy diz ver “a mesma determinação na Grécia, na Irlanda, em Espanha, Portugal e em outros países”, que têm agora de cumprir as metas a que comprometeram.

“Quando se mostra essa determinação não apenas através da retórica mas também através dos resultados, é possível ter mais confiança naqueles países”, salientou.

O presidente do Conselho Europeu considerou, durante a palestra, “estranhos” os recentes desenvolvimentos dos mercados, onde os spreads do risco de incumprimento para alguns países da zona euro são maiores do que para países emergentes como a Ucrânia ou a Argentina.

“Isto é verdadeiramente absurdo”, denunciou, enumerando as previsões otimistas para a economia na zona euro, que cresceu 1,7 por cento em 2010 e que se espera que cresça 1,5 e perto de dois por cento em 2011 e 2012, respetivamente.

Admitiu que “a recuperação é desigual e há problemas em alguns países membros que enfrentam desafios em termos de competitividade e baixo crescimento”.

Isto, continuou, agrava a dinâmica da dívida pública naqueles países e levanta preocupações nos mercados mas reiterou que os problemas estão a ser enfrentados através de programas de ajustamento, seja de consolidação orçamental ou de reformas estruturais

“Este é o caso em Portugal e Espanha e, tal como na Grécia e Irlanda, assegurámos que as necessidades financeiras para os próximos anos estão completamente pelo pacote de apoio da UE e IMF”, afirmou.

BM/Lusa

*** Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico **

2 comentários:

Ana Brito disse...

Caro Amigo Osvaldo
Mais um voto de confiança expresso a Portugal...
Grande Abraço com Amizade :)
Ana Brito

Nuno Sotto Mayor Ferrao disse...

Caríssimo amigo Osvaldo Castro,

Os Estados na acepção "Helénica", se me permite a expressão, não podem estar às mãos das tóxicas engenharias financeiras e dos investidores especulativos.

Aristóteles se reencarnasse nos nossos dias sentiria de modo particular o ambiente pestilento que paira nos dias que correm. Ele que tinha dado cartas na Ética nunca terá pensado que a Civilização Ocidental, herdeira do património cultural helénico, pudesse chegar a tamanho descaminho!

Com efeito, só a crença absurda e absolutista nas tendências voláteis do mercado podem gerar suspeitas sobre a capacidade dos países meridionais de cumprirem os seus compromissos, pois estas dúvidas são nefastas para o projecto Europeu e para o Euro. Temos de ser capazes de dizer basta a este esgotado paradigma Europeu e construir outro que coloque a política acima da economia e das finanças, tal como nos indicou Vitorino Magalhães Godinho no seu lúcido ensaio de um verdadeiro pensador Humanista( VMG, Problemas de Portugal-Problemas da Europa, Lisboa, Edições Colibri, 2010).

Saudações cordiais, Nuno Sotto Mayor Ferrão
www.cronicasdoprofessorferrao.blogs.sapo.pt