sábado, 6 de novembro de 2010

O PSD mantém e alimenta a obsessão pela crise política

Basta ler as palavras da Vice-presidente da Comissão Política,Paula Teixeira da Cruz ou do conselheiro económico, Nogueira Leite, a propósito da inevitável abertura de uma crise política após 9 de Março, data da posse do futuro PR, para se perceber como o PSD tripudia sobre o interesse nacional e alça a mira para o umbigo do interesse partidário.
Tais atitudes vêm,aliás, de longe, desde o Pontal, em Agosto, quando Passos Coelho anunciou que o tempo do Orçamento poderia ser o alfa e o ómega da anunciada crise política. Comentei-o, por sinal, aqui, em 16 de Agosto.
E sempre acentuei que tal atitude de Passos Coelho lhe poderia sair muito cara, como se veio a verificar na descida nas sondagens que sofreu, mas que especialmente tal obsessão poderia gerar as hesitações que, de facto, se vieram a manifestar na discussão do OE entre Governo e PSD. E tal "não aprovo" ou "se calhar aprovo", mas "demarcando-me inteiramente da indispensável execução orçamental", veio a gerar o imbróglio financeiro de que os mercados se têm lautamente aproveitado com os prejuízos para as finanças públicas que são conhecidos.
Passos Coelho parece ter ignorado, ou fingido não ter ouvido, as prudentes palavras de Manuela Ferreira Leite que, estribada no sentido de estado, considerou que o Orçamento aprovado era "necessário e inevitável" no actual contexto nacional e internacional. E PPCoelho persiste por interpostos dirigentes em atiçar os mercados, fazendo soprar a hipótese de eleições antecipadas, por dissolução presidencial ou por moção de censura, sendo que bem deveria saber que qualquer das duas hipóteses está no domínio das coisas remotas e improváveis...
Fazer aprovar uma moção de censura no actual contexto parlamentar é contar com o ovo no fundo da galinha porque a pluralidade partidária do Parlamento não parece ser de molde a conformar-se com os "diktats" de uma hipotética coligação PSD/CDS.
A dissolução da AR, por iniciativa presidencial, parece ser ainda mais problemática. Não apenas pelos especiais requisitos impostos pela Constituição, mas também porque será duvidoso que um presidente recém eleito se queira expôr perante o povo português, arriscando abrir caminho a um processo eleitoral apressado.
O mesmo é dizer, em algo que resulte numa composição parlamentar em que não haja maioria absoluta ou em que a composição de uma maioria parlamentar se torne inviável.
Não estou a ver que, seja quem seja o eleito, se arrisque a pôr em causa um mandato de 5 anos logo nos primeiros 60 dias...
É por tudo isto que muitos dirigentes e comentadores afectos ao PSD insistem em pedir a Passos Coelho ponderação e prudência.Palavras sábias, especialmente à luz das necessidades de confiança que Portugal tem de obter dos mercados e instituições financiadoras.
Ou Passos Coelho esmaga de uma vez por todas a sua propalada obsessão em abrir uma crise política a seguir às presidenciais e opta antes pelo caminho da cooperação patriótica e pela senda do sentido de estado, ou tudo isto nos vai custar caríssimo, ao país, aos portugueses e com reflexos na Zona Euro.
Já o disse, os quadros mais jovens do PSD estão num clima de grande ansiedade e têm uma excessiva sede de poder. É legítimo e compreensível, mas que não se salde o interesse nacional em nome do mesquinho interesse partidário.
Osvaldo Castro

6 comentários:

folha seca disse...

Caro Osvaldo
Subscrevo por inteiro esta lucida análise que aqui nos trazes. De facto o interesse Nacional passa para 2º plano quando se trata de satisfazer anbições pessoais de poder. Mas se permites dizer, parece-me que este facto é transversal aos vários partidos, cujos lideres se afirmaram não pela sua competência e provas dadas de serem os melhores, mas a estranhas formas de "divisões" dos apetecíveis lugares do aparelho do estado e seus satélites.
Sou dos que pensa que em Democracia tudo se pode questionar, menos os interesses Nacionais. Sou dos que pensa que à frente dos destinos dos partidos Democráticos devem estar os melhores e que mais confiança oferecem ao Povo. Só assim e dado que em Democracia o Poder emana dos Partidos com a maioria dos votos, se conseguirá restabelecer a confiança necessária para enfrentar a grave situação em que nos encontramos.
Claro que este é um assunto que deve ser debatido nos seio desses próprios Partidos.
Abraço

Ana Brito disse...

Caro Amigo Osvaldo
Excelente texto...
Quem está obsidiado por uma ideia fixa, no caso PPC, vai atrás dela sem atender a quaisquer razões e suporta-lhe as consequências, embora, por vezes, e depois, com repugância. Penso que PPC é um indivíduo que não sabe porque é tão importante a sua obsessão e porque não é capaz de se libertar dela. O contolo da razão e da vontade é impossível - e até ignorado no inconsciente, por isso, as manifestações brutais de forças inconscientes nos parecem devidas a forças estranhas.
Passos Coelho é o demónio em dois estados e encontra-se na situação de "possesso" considerando que os demónios são apenas, de facto, o domínio geralmente ignorado do psiquismo do possesso e, nesse caso, na qualidade de mero aprendiz de política, que é o que parece, talvez só se possa libertar com a ajuda de um qualquer exorcismo para cair na realidade e deixar em paz quem tudo faz para salvar o país, acrescendo que deve ouvir as vozes experientes e prudentes que ainda existem no PSD.
Grande Abraço com Amizade :)
Ana Brito

Raimundo Narciso disse...

Pedro Passos Coelho começou bem mas foi sol de pouca dura. Revelou-se um imaturo e confundio táctica com estratégia.

Carta a Garcia disse...

Caro Folha Seca,

Plenamente de acordo, mas,com ambos sabemos, nem sempre os melhores são os dirigentes mais destacados dos partidos.E tal sucede em todos. Hápor vezes alguns "videirinhos" que se alcandoram ao poder...E se nós sabemos disso...
Mas, no caso sobre que reflicto, as recentes atoardas do Passos Coelho só me dão razão...Confundir o julgamento político com o julgamento penal é ignorância a mais.
Abraço,
OC

Carta a Garcia disse...

Cara Ana Brito,

Suporto e sublinho todas as S/ asserções...A obsessão de PPC é por demais evidente e obsidiante que o vai cegando dia a dia...
As mais recentes teses sobre a responsabilidade civil e penal dos membros de governo ou de empresas públicas, levadas ao extremo poriam atrás das grades também os antigos e principais dirigentes do pSD, entre outros...A resposta consonante com a demagogia e o populismo é muito perigosa. PPC só demonstra que tem de beber muito chá e estudar muito, lendo livros...por exemplo...
Abraço Amigo,
OC

Carta a Garcia disse...

Caro Raimundo,

As declarações deste último fim de semana em matéria de responsabilidade civil e penal, são a ilustração exacta do que dizes...É ainda muito ignorante..Abraço,
OC