Um norueguês de 32 anos, Anders Behring Breivik, bem integrado na sociedade, filho de um diplomata social-democrata e de uma enfermeira "feminista moderada", divorciados, ficou, desde a adolescência, muito preocupado com o afluxo de muçulmanos ao seu país e à Europa. Aos seus olhos, os costumes, valores e "fundamentos étnicos" da Europa estavam em perigo.
Atraído pela extrema-direita, passou por um processo de fanatização conhecido. Erigiu como inimigos o islão, o marxismo e o multiculturalismo e escreveu uma "Declaração de Independência Europeia" para impedir a criação de uma "Eurábia" na Europa. Já nada mais lhe importava senão encontrar o meio de evitar a concretização desta ameaça.
No seu processo de radicalização, Breivik começou a distinguir os amigos – neo-nazis de vários países que foi visitando – dos inimigos. Entre estes, passou a incluir o inimigo interno, o cavalo de Tróia infiltrado no seu próprio país – políticos tradicionais, em especial social-democratas, que, em vez de combater a invasão islâmica, são frouxos e pactuam com ela.
Por fim, num processo que amadureceu ao longo de cerca de nove anos (e se iniciou, portanto, após os atentados fundamentalistas do 11 de Setembro), Breivik decidiu que era necessário passar aos actos. Reuniu, pacientemente, todo o material necessário para desencadear uma acção violenta, dando uma lição aos colaboracionistas e despertando os verdadeiros noruegueses.
O resultado é conhecido. Um carro--bomba explodiu junto à sede do Governo, matando 8 pessoas. Na ilha de Utoya, onde decorria um acampamento da Juventude Social-Democrata, foram assassinadas a tiro 69 pessoas, incluindo muitos adolescentes. A incredulidade abateu-se sobre a Noruega, que pensou, inicialmente, ter sido alvo do fundamentalismo islamita.
O que aconteceu na Noruega revela-nos, mais uma vez, que não há bons terroristas. Todos os atentados são ignóbeis. O terrorismo assenta sempre num relativismo moral condenável, que sacrifica os mais elementares direitos humanos para atingir certos fins. Em nome da religião, da ideologia, da nação ou da raça matam-se indiscriminadamente inocentes.
Aprender a lição da Noruega é apostar, agora e sempre, nos direitos humanos, na tolerância, no pluralismo e no império do Estado de Direito. É necessário garantir a segurança em democracia, no âmbito do Espaço Europeu de Liberdade, Segurança e Justiça, o que constitui uma das principais missões da União Europeia. Só assim a civilização triunfará sobre a barbárie.
Por: Maria Fernanda Palma, Professora Catedral de direito penal,a quem se agradece, bem como ao "Correio da Manhã"
Atraído pela extrema-direita, passou por um processo de fanatização conhecido. Erigiu como inimigos o islão, o marxismo e o multiculturalismo e escreveu uma "Declaração de Independência Europeia" para impedir a criação de uma "Eurábia" na Europa. Já nada mais lhe importava senão encontrar o meio de evitar a concretização desta ameaça.
No seu processo de radicalização, Breivik começou a distinguir os amigos – neo-nazis de vários países que foi visitando – dos inimigos. Entre estes, passou a incluir o inimigo interno, o cavalo de Tróia infiltrado no seu próprio país – políticos tradicionais, em especial social-democratas, que, em vez de combater a invasão islâmica, são frouxos e pactuam com ela.
Por fim, num processo que amadureceu ao longo de cerca de nove anos (e se iniciou, portanto, após os atentados fundamentalistas do 11 de Setembro), Breivik decidiu que era necessário passar aos actos. Reuniu, pacientemente, todo o material necessário para desencadear uma acção violenta, dando uma lição aos colaboracionistas e despertando os verdadeiros noruegueses.
O resultado é conhecido. Um carro--bomba explodiu junto à sede do Governo, matando 8 pessoas. Na ilha de Utoya, onde decorria um acampamento da Juventude Social-Democrata, foram assassinadas a tiro 69 pessoas, incluindo muitos adolescentes. A incredulidade abateu-se sobre a Noruega, que pensou, inicialmente, ter sido alvo do fundamentalismo islamita.
O que aconteceu na Noruega revela-nos, mais uma vez, que não há bons terroristas. Todos os atentados são ignóbeis. O terrorismo assenta sempre num relativismo moral condenável, que sacrifica os mais elementares direitos humanos para atingir certos fins. Em nome da religião, da ideologia, da nação ou da raça matam-se indiscriminadamente inocentes.
Aprender a lição da Noruega é apostar, agora e sempre, nos direitos humanos, na tolerância, no pluralismo e no império do Estado de Direito. É necessário garantir a segurança em democracia, no âmbito do Espaço Europeu de Liberdade, Segurança e Justiça, o que constitui uma das principais missões da União Europeia. Só assim a civilização triunfará sobre a barbárie.
Por: Maria Fernanda Palma, Professora Catedral de direito penal,a quem se agradece, bem como ao "Correio da Manhã"
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