Parabéns,Cesária Évora, pelos teus 70 anos no Mindelo!!!
Lisboa, 26 ago (Lusa) –
Gosta de fazer anos mas não tem “costume de fazer festa”. No sábado, quando celebrar o 70.º aniversário, Cesária Évora limitar-se-á a ficar em casa, em família, no Mindelo, em Cabo Verde.
“Vou abrir um bolo de aniversário e é tudo” – disse a cantora Cesária Évora em entrevista à agência Lusa, pelo telefone, pouco depois de um “tudo bem” e de um assumido: “Eu não sei falar português”. E apesar de admitir não saber falar português, foi nesta língua que se exprimiu sempre. Simpática e tímida, não hesitou mesmo em dizer: “Então empatamos, o meu crioulo e o teu português”, ao mesmo tempo que se ouvia um sorriso.
Questionada sobre se “não gosta de fazer anos”, Cesária afirmou: “Com certeza que gosto de fazer anos, não gosto é de festa de anos”.
“Bem-disposta, normal, como dantes” – eis como a cantora cabo-verdiana confessou sentir-se por estar já a trabalhar num novo disco. Porque é o que gosta de fazer, “com certeza”.
Com o "dantes", Cesária Évora referia-se a antes da cirurgia de urgência a que foi submetida ao coração em França, a 10 de maio de 2010, e onde permaneceu um mês em recuperação.
A 16 de junho desse ano, a cantora tornou a Cabo Verde e à cidade onde nasceu, a 27 de agosto de 1941, para "descansar" e para que os cabo-verdianos vissem que estava bem, disse na altura.
Pouco tempo depois, tornaria a cantar com os seus músicos habituais e a preparar este novo disco de originais, para o qual já estão gravados cinco temas, disse à Lusa José da Silva, empresário, produtor e editor da cantora.
B. Leza [Francisco Xavier da Cruz] e Manuel de Novas, compositores cabo-verdianos já falecidos – são os autores dos temas já gravados, assim como Teófilo Chantre, com quem Cesária Évora gravou um dueto no seu último registo discográfico, um álbum de duetos, acrescentou. Os arranjos musicais são de Fernando Andrade.
E apesar de este trabalho não ter data certa para sair, deverá ser lançado “talvez em 2012” – referiu a cantora, enquanto o editor acrescentou que gostaria de ter o disco no mercado “lá para outubro” do próximo ano.
Trata-se de um disco de “mornas e coladeras”, disse Cesária Évora. Um álbum no qual a cantora está a trabalhar "tranquilamente", acrescentou José da Silva.
Questionada sobre se já tem título, Cesária Évora, numa de duas vezes que se expressa em crioulo, deixa cair um “Título ainda ca tem" ("título ainda não tem").
Mas enquanto a cantora continua a trabalhar no disco, o editor e produtor está a preparar “uma festa em grande” que assinale os 70 anos desta. Sem dia certo, José da Silva aponta o início de dezembro como a data provável. Santo Antão é a ilha escolhida. A localidade Ribeira Grande, mais concretamente no vale da Ribeira da Torre.
“É verdade, na ilha de minha mãe”, disse Cesária Évora, confessando assim uma das razões da escolha daquela ilha. Uma ilha onde já cantou “mais que uma vez” - sem precisar quantas ou há quanto tempo - onde não atua desde que se tornou conhecida a nível internacional.
Para este espetáculo comemorativo dos 70 anos, serão convidados todos os “artistas que foram importantes na carreira da Cesária”, referiu José da Silva, sublinhando não poder ainda revelar os nomes.
“Ainda não sei, vamos fazer uma lista para ver quem é que vai e quem é que não vai”, acrescentou a cantora, ao mesmo tempo que sorri e se despede com um “obrigado e tudo bom também para ti”.
E embora não revele nomes, o empresário admitiu que será convidada “toda a gente” que gravou o disco de duetos com Cesária Évora.
Possam ou não estar presentes para celebrar em dezembro, em Santo Antão, os 70 anos da “rainha da morna”, certo é que entre os convidados vão estar nomes como os dos cabo-verdianos Lura e Teófilo Chantre, o senegalês Ismael Lo, o maliano Salif Keita, os franceses Bernard Lavilliers e Cali, a peruana Tania Libertad, a norte-americana Bonnie Raitt, o cubano Chucho Valdes e os brasileiros Marisa Monte e Caetano Veloso.
Na guerra entre os EUA e a Espanha, a propósito da despótica colonização espanhola de Cuba, ocorreu o episódio que deu origem à frase “Levar a carta a Garcia”, divulgada por Elbert Hulbard em 1899. O presidente americano, Mackinley, precisou de contactar com um dos chefes da guerrilha cubana, o general Garcia. Chamou um tal Soldado Rowan e passou-lhe uma carta para ser entregue, em Cuba, ao comandante rebelde. Pelo que se conta, Rowan, sem nada perguntar, meteu a missiva numa bolsa impermeável e partiu para Cuba. Percorreu montes e vales, selvas e praias, mas, quatro dias depois, entregou a carta a Garcia e regressou aos EUA para dar conta do cumprimento da missão ao seu presidente. É este o sentido da expressão que dá título a este blogue: “Cumprir eficazmente uma missão, por mais difícil ou impossível que possa parecer”. (in Ciberdúvidas)
Sem comentários:
Enviar um comentário