Almeida, Guarda, 06 ago (Lusa)
O filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço disse hoje à Agência Lusa que “a saída de Portugal para a crise está na Europa”.
Eduardo Lourenço falava à margem de uma homenagem que lhe foi prestada na sua aldeia natal de São Pedro de Rio Seco, Almeida, com o descerramento de uma placa na casa onde nasceu e a inauguração de uma escultura.
Questionado sobre a situação do país, respondeu que, “contrariamente à opinião de várias pessoas”, pensa que “a saída continua a ser através da Europa”.
Lourenço vai mesmo mais longe dizendo que se o país não encontrar uma solução europeia, “não a encontra em parte nenhuma”, porque já não existem “aqueles espaços de fuga que foram os grandes séculos de Portugal”.
Radicado em França, Eduardo Lourenço diz que, apesar da crise, ao chegar ao país não sentiu “uma atmosfera crítica”, que atribui também ao facto de o governo ainda gozar “dos 100 dias de benefício da dúvida que se dá sempre a quem assume o poder”.
Mas alerta: “[A crítica] está latente e quem se sente são as pessoas que estão afetadas por tudo aquilo que já se anunciou”.
Eduardo Lourenço acredita que a população “espera pelo fim destas férias para tomar medidas quanto ao que realmente acontece”, considerando por isso que, para já, “a crise está entre parênteses, mas sabemos que o pior esta para vir”.
Para o filósofo, Portugal tem que resolver a crise “em casa” e depois “na casa ainda não comum, mas que se deseja comum no futuro chamada Europa”.
“Reconhece ser menos pessimista que muita gente” em relação ao ideal europeu, mas recusa qualquer euforia “como a de há 50 anos, depois de um século de guerras”.
Lourenço apontou a sua aldeia como um exemplo das suas palavras: “Esta aldeia nunca viveu tão bem. Era muito mais pobre e nunca ninguém tinha recebido um tostão que viesse do Estado”.
O ensaísta chamou também a atenção para os carenciados: “Esperemos que ainda haja algum dinheiro para aqueles que são mais desprotegidos”.
A homenagem de hoje foi promovida pela Associação Rio Vivo, com sede em S. Pedro do Rio Seco, e pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI) da Guarda, que tem Eduardo Lourenço como diretor honorífico.
O programa inclui ainda uma visita à exposição biográfica “Labirinto de um Heterodoxo, revisitado em S. Pedro de Rio Seco”, no Centro Recreativo e Cultural, onde foi estreado o filme “Regresso sem fim - um documentário com Eduardo Lourenço”, realizado por Anabela Saint Maurice, numa coprodução RTP/Centro de Estudos Ibéricos.
A fechar, decorre uma sessão solene, com intervenções de Luís Queirós, presidente da Associação Rio Vivo, Guilherme de Oliveira Martins, presidente da Comissão de Honra, e de Eduardo Lourenço.
O ensaísta classificou à Lusa a homenagem de hoje como “uma injustificável romaria de gente amiga: não fiz nada de especial por esta terra que mereça esta gentileza, fiz aqui os estudos primários e cá vivi os primeiros 10 anos de vida”.
“Ainda hoje, é nesta aldeia o único local em que me reencontro comigo próprio, o que é raro em mim”, concluiu.
LFO/Lusa
O filósofo e ensaísta Eduardo Lourenço disse hoje à Agência Lusa que “a saída de Portugal para a crise está na Europa”.
Eduardo Lourenço falava à margem de uma homenagem que lhe foi prestada na sua aldeia natal de São Pedro de Rio Seco, Almeida, com o descerramento de uma placa na casa onde nasceu e a inauguração de uma escultura.
Questionado sobre a situação do país, respondeu que, “contrariamente à opinião de várias pessoas”, pensa que “a saída continua a ser através da Europa”.
Lourenço vai mesmo mais longe dizendo que se o país não encontrar uma solução europeia, “não a encontra em parte nenhuma”, porque já não existem “aqueles espaços de fuga que foram os grandes séculos de Portugal”.
Radicado em França, Eduardo Lourenço diz que, apesar da crise, ao chegar ao país não sentiu “uma atmosfera crítica”, que atribui também ao facto de o governo ainda gozar “dos 100 dias de benefício da dúvida que se dá sempre a quem assume o poder”.
Mas alerta: “[A crítica] está latente e quem se sente são as pessoas que estão afetadas por tudo aquilo que já se anunciou”.
Eduardo Lourenço acredita que a população “espera pelo fim destas férias para tomar medidas quanto ao que realmente acontece”, considerando por isso que, para já, “a crise está entre parênteses, mas sabemos que o pior esta para vir”.
Para o filósofo, Portugal tem que resolver a crise “em casa” e depois “na casa ainda não comum, mas que se deseja comum no futuro chamada Europa”.
“Reconhece ser menos pessimista que muita gente” em relação ao ideal europeu, mas recusa qualquer euforia “como a de há 50 anos, depois de um século de guerras”.
Lourenço apontou a sua aldeia como um exemplo das suas palavras: “Esta aldeia nunca viveu tão bem. Era muito mais pobre e nunca ninguém tinha recebido um tostão que viesse do Estado”.
O ensaísta chamou também a atenção para os carenciados: “Esperemos que ainda haja algum dinheiro para aqueles que são mais desprotegidos”.
A homenagem de hoje foi promovida pela Associação Rio Vivo, com sede em S. Pedro do Rio Seco, e pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI) da Guarda, que tem Eduardo Lourenço como diretor honorífico.
O programa inclui ainda uma visita à exposição biográfica “Labirinto de um Heterodoxo, revisitado em S. Pedro de Rio Seco”, no Centro Recreativo e Cultural, onde foi estreado o filme “Regresso sem fim - um documentário com Eduardo Lourenço”, realizado por Anabela Saint Maurice, numa coprodução RTP/Centro de Estudos Ibéricos.
A fechar, decorre uma sessão solene, com intervenções de Luís Queirós, presidente da Associação Rio Vivo, Guilherme de Oliveira Martins, presidente da Comissão de Honra, e de Eduardo Lourenço.
O ensaísta classificou à Lusa a homenagem de hoje como “uma injustificável romaria de gente amiga: não fiz nada de especial por esta terra que mereça esta gentileza, fiz aqui os estudos primários e cá vivi os primeiros 10 anos de vida”.
“Ainda hoje, é nesta aldeia o único local em que me reencontro comigo próprio, o que é raro em mim”, concluiu.
LFO/Lusa
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