segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Estado da União : "Terapia de austeridade pode matar o doente",diz Edite Estrela (PS)

Bruxelas, 26 set (Lusa)

A eurodeputada socialista Edite Estrela considera que é preciso mudar de “estratégia, método e atitude” para salvar a moeda única e o projeto europeu, advertindo que “a terapêutica de austeridade pode matar o doente”.

Antecipando o debate de quarta-feira no Parlamento Europeu sobre o “Estado da União” Europeia, a deputada, numa declaração à Lusa, disse que gostaria de ouvir o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, afirmar “sem margem para dúvidas” algumas ideias, tal como “que no seio da União, responsabilidade e austeridade rimam sempre com solidariedade”.

“Quer a nível europeu, quer a nível nacional, está provado que a terapêutica de austeridade pode matar o doente, uma vez que conduz à retração do consumo e à redução da receita fiscal. É preciso mudar a estratégia, o método e a atitude para salvar a moeda única e o projeto europeu. Precisamos de mais integração económica e política e de lideranças fortes, corajosas e respeitadas” defendeu.

Edite Estrela lamenta também a forma inadequada como a UE tem vindo a responder à crise, apontando que “os líderes europeus não foram capazes de responder tempestiva e adequadamente” e “houve demasiadas hesitações, indefinições e até contradições quando a situação exigia rapidez, firmeza e ousadia”.

“De facto, três anos depois do tsunami financeiro, a Europa ainda não encontrou a resposta adequada, limitando-se a ir a reboque dos acontecimentos e agindo em função da pressão dos mercados, com elevados custos económicos e sociais”, disse.

Edite Estrela gostava por isso de ouvir Durão Barroso apontar claramente alguns caminhos, entre os quais a aceleração da mutualização da dívida, incluindo a criação de “eurobonds” (obrigações europeias), e o fim dos paraísos fiscais, “uma vez que não se pode impor disciplina orçamental se as pessoas são sacrificadas e os ricos recorrem aos paraísos fiscais”.

A líder da delegação do PS ao Parlamento Europeu gostaria também que o presidente do executivo comunitário garantisse que “o uso dos fundos comunitários como alavanca para o crescimento nos países em dificuldades vai ser uma realidade imediata” e que “o imposto sobre as transações financeiras (que renderia cerca de 200 mil milhões de euros) vai mesmo ser aplicado”.

ACC/Lusa

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