Precários, reformados, jovens, pessoas de meia-idade, idosos, crianças, famílias inteiras, constituíram os milhares de pessoas que esta tarde desfilaram do Marquês de Pombal à Assembleia da República (AR), ‘indignados’ com o sistema político e financeiro.
Ainda não eram 15:00, a hora marcada para o início do protesto ’15 de outubro, a democracia sai à rua!’, quando a frente do desfile se começou a movimentar para dar início à marcha. Na praça do Marquês de Pombal, em Lisboa, onde a organização e manifestantes se reuniram, pareciam estar não mais do que algumas centenas de pessoas prontas a demonstrar o seu descontentamento com o sistema.
Foi preciso esperar pelo início da marcha para ver as centenas de manifestantes transformarem-se em milhares, vindos das sombras frescas da Avenida da Liberdade e do Parque Eduardo VII.
Do protesto do 12 de março ao de hoje a organização da iniciativa diz que nada se alterou no combate à precariedade, ao desemprego, à corrupção, entre outras exigências que querem ver traduzidas em mais e melhor democracia.
“Cresceram [as razões de protesto], então esta semana com a apresentação do novo Orçamento do Estado, o pico do icebergue”, declarou à Lusa, Paula Gil, da organização do protesto, que não deixou de referir os cortes dos subsídios de férias e Natal.
De novo, este protesto terá uma ‘assembleia popular’ no final, da qual se espera que saiam contributos para uma solução para a crise. E é em frente à AR que os manifestantes vão parar para lembrar aos governantes que são apenas representantes.
“Penso que chega uma altura em que começarmos a ouvir a voz de todas as pessoas que saem à rua. A soberania é do povo, e o Governo não se pode esquecer disso”, disse.
Paula Gil disse ainda que o movimento dos 'indignados' está disponível para se juntar aos sindicatos numa greve geral, se esta se concretizar.
‘FMI e troika fora daqui’, apelos à luta, insultos aos responsáveis políticos são alguns exemplos do que as pessoas tinham para dizer esta tarde, quer fosse gritando ou empunhando cartazes, uns muito elaborados, outros tão improvisados como uma frase escrita numa folha de papel A4.
Joana Saraiva, não precária, apenas solidária, não deixou de levar o seu. “Juntei-me ao protesto porque acho que é altura de fazermos alguma coisa para recuperar a dignidade que nos querem tirar. Acho que os direitos conseguidos ao longo de tanto tempo e que tanto nos custaram a adquirir não podem agora ser postos em causa por causa de uma dívida que não é nossa e que não temos que pagar”, afirmou.
Joana Saraiva estava confiante que com os protestos de hoje, em Portugal e no resto do mundo, nascia uma “consciência cívica” que faria “de cada cidadão um político”, porque, garante, “é altura de tomarmos o nosso destino nas nossas mãos”.
João Gomes, reformado, diz que não tem quase nada. Para dar ao protesto tinha apenas raiva.
“Trabalhei 44 anos e hoje passo fome”, disse, acusando “este Governo e os outros” de o terem roubado.
“A minha mulher ganha 246 euros de reforma. É tudo, é gás, é eletricidade, é água, os medicamentos, é tudo. Tudo isso me revolta”, desabafou.
Muito barulho, muito rufar de tambores, até de tambores improvisados em garrafões de plástico. Uma gaita de foles isolada, uma “orquestra” de metais. Ruidosa, a coluna de manifestantes seguia caminho. Pelo meio havia um setor para os professores. Algumas dezenas em representação dos quase 40 mil que este ano não tiveram colocação nas escolas. Miguel Reis era um exemplo, quase um 'estereótipo' de uma geração. Jovem, precário, desempregado, revoltado.
“Estou aqui pela situação em que estou, professor desempregado e sempre numa situação precária sem qualquer perspetiva de estabilidade. Acho que com todos estes anúncios do Governo, o 13º e o 14º mês, mesmo que consiga colocação, é mais um roubo. Espero que cada vez mais gente venha para a rua e que a pressão das pessoas faça os Governos mudarem as suas posições”, disse.
De Sydney a Nova Deli, de Lisboa a Nova Iorque, 951 cidades de 82 países serão hoje palco de manifestações e de outras ações de protesto para reclamar uma mudança global democrática e contestar o poder financeiro.
IMA/Lusa
Ainda não eram 15:00, a hora marcada para o início do protesto ’15 de outubro, a democracia sai à rua!’, quando a frente do desfile se começou a movimentar para dar início à marcha. Na praça do Marquês de Pombal, em Lisboa, onde a organização e manifestantes se reuniram, pareciam estar não mais do que algumas centenas de pessoas prontas a demonstrar o seu descontentamento com o sistema.
Foi preciso esperar pelo início da marcha para ver as centenas de manifestantes transformarem-se em milhares, vindos das sombras frescas da Avenida da Liberdade e do Parque Eduardo VII.
Do protesto do 12 de março ao de hoje a organização da iniciativa diz que nada se alterou no combate à precariedade, ao desemprego, à corrupção, entre outras exigências que querem ver traduzidas em mais e melhor democracia.
“Cresceram [as razões de protesto], então esta semana com a apresentação do novo Orçamento do Estado, o pico do icebergue”, declarou à Lusa, Paula Gil, da organização do protesto, que não deixou de referir os cortes dos subsídios de férias e Natal.
De novo, este protesto terá uma ‘assembleia popular’ no final, da qual se espera que saiam contributos para uma solução para a crise. E é em frente à AR que os manifestantes vão parar para lembrar aos governantes que são apenas representantes.
“Penso que chega uma altura em que começarmos a ouvir a voz de todas as pessoas que saem à rua. A soberania é do povo, e o Governo não se pode esquecer disso”, disse.
Paula Gil disse ainda que o movimento dos 'indignados' está disponível para se juntar aos sindicatos numa greve geral, se esta se concretizar.
‘FMI e troika fora daqui’, apelos à luta, insultos aos responsáveis políticos são alguns exemplos do que as pessoas tinham para dizer esta tarde, quer fosse gritando ou empunhando cartazes, uns muito elaborados, outros tão improvisados como uma frase escrita numa folha de papel A4.
Joana Saraiva, não precária, apenas solidária, não deixou de levar o seu. “Juntei-me ao protesto porque acho que é altura de fazermos alguma coisa para recuperar a dignidade que nos querem tirar. Acho que os direitos conseguidos ao longo de tanto tempo e que tanto nos custaram a adquirir não podem agora ser postos em causa por causa de uma dívida que não é nossa e que não temos que pagar”, afirmou.
Joana Saraiva estava confiante que com os protestos de hoje, em Portugal e no resto do mundo, nascia uma “consciência cívica” que faria “de cada cidadão um político”, porque, garante, “é altura de tomarmos o nosso destino nas nossas mãos”.
João Gomes, reformado, diz que não tem quase nada. Para dar ao protesto tinha apenas raiva.
“Trabalhei 44 anos e hoje passo fome”, disse, acusando “este Governo e os outros” de o terem roubado.
“A minha mulher ganha 246 euros de reforma. É tudo, é gás, é eletricidade, é água, os medicamentos, é tudo. Tudo isso me revolta”, desabafou.
Muito barulho, muito rufar de tambores, até de tambores improvisados em garrafões de plástico. Uma gaita de foles isolada, uma “orquestra” de metais. Ruidosa, a coluna de manifestantes seguia caminho. Pelo meio havia um setor para os professores. Algumas dezenas em representação dos quase 40 mil que este ano não tiveram colocação nas escolas. Miguel Reis era um exemplo, quase um 'estereótipo' de uma geração. Jovem, precário, desempregado, revoltado.
“Estou aqui pela situação em que estou, professor desempregado e sempre numa situação precária sem qualquer perspetiva de estabilidade. Acho que com todos estes anúncios do Governo, o 13º e o 14º mês, mesmo que consiga colocação, é mais um roubo. Espero que cada vez mais gente venha para a rua e que a pressão das pessoas faça os Governos mudarem as suas posições”, disse.
De Sydney a Nova Deli, de Lisboa a Nova Iorque, 951 cidades de 82 países serão hoje palco de manifestações e de outras ações de protesto para reclamar uma mudança global democrática e contestar o poder financeiro.
IMA/Lusa
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