quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A prudência e o sentido tático face ao OE 2012

Por estes dias encalorados de Outono, que anunciam preceder um Inverno agreste, e um ano de 2012 de grande penúria, de injustiça social, de enormes sacrifícios e da já apregoada insensibilidade social, será talvez o momento adequado para refletir sobre as elucubrações de natureza política, designadamente as concernentes ao próximo Orçamento de Estado.


Creio,pelos dias recentes,que se terá tornado óbvio que o novel secretário-geral do PS tem vindo a ter razão em não revelar a decisão do GPPS,em matéria de posição de voto no OE,sem previamente o conhecer nos detalhes.

Podendo parecer um “segredo de Polichinelo”, a verdade é que a inteligência tática de António José Seguro se tem vindo a revelar a mais prudente e a mais sensata.

Por um lado, porque é inequívoco que, no caso, estamos perante uma decisão que transcende o PS, seja porque a coligação de direita é dominante no parlamento, seja porque dispõe dos votos mais do que suficientes para, por si só, fazer passar o Orçamento.

Ao que acresce que, lucidamente, e sem tripudiar sobre o acordo firmado entre o anterior governo português, a EU e o FMI, Seguro definiu, na defesa do princípio da precaução que, ao pôr a bom recato a posição de voto do PS em matéria de OE, tal se compagina com a mais firme defesa do rumo tático dos socialistas.

Vale por dizer, que o secretário-geral já asseverou com meridiana clareza, ou de outro modo, deixou entrever que o PS não irá trilhar o caminho do “bota-abaixismo” ou as veredas oportunistas que, no ano anterior, foram os tortuosos trilhos do então líder da oposição e atual 1ºministro.

Poderá dizer-se, como Seguro reiterou, que o PS, se fosse o caso, nunca deixaria que se gerasse um quadro de inviabilidade de um Orçamento sobre o qual o peso dos olhares externos é por demais atento e insistente.

Mas, reconheça-se, a maioria de direita pode querer sublinhar a arrogância e a sobranceria que o último discurso de Passos Coelho tornou evidente, em matéria de falta de sentido responsabilidade.

E nesse caso o PS deverá agir em conformidade, sempre em salvaguarda dos interesses nacionais e da Europa. O mesmo é dizer, discutir aberta e claramente as suas posições, demarcando-se do abismo recessivo e confiscatório que o OE de Passos Coelho anuncia e promete.

Também por isso, o PS e a sua direção devem pugnar, em sede de especialidade, por um Orçamento que se confine às medidas que não avolumem o ciclo recessivo. E que reponha a “equidade fiscal” de que se reclama o PR.

Ou seja, que contrarie a insensibilidade vazada nos desmesurados aumentos do IVA e quejandos, para além do esbulho dos subsídios de férias e natal dos funcionários públicos e pensionistas e que saiba combater as injustiças sociais, fazendo distribuir com mais racionalidade os consabidos sacrifícios.

Osvaldo Castro

(publicado,com adaptações,também,no Jornal de Leiria)

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